Como e Porquê Amamentar?
O ideal é que o bebê seja alimentado exclusivamente ao seio
nos seis primeiros meses (evitando inclusive a água e chás). Mas a amamentação
traz também grandes benefícios para os bebês depois dos seis meses!
Segundo a Organização Mundial de Saúde os bebês deveriam ser
amamentados, com complemento, no mínimo até ao 2º ano de vida. Os benefícios da
amamentação continuam mesmo para crianças maiores.
Mas a amamentação, não traz benefícios apenas para o bebê. É
muito importante também para a mulher, a família e até para o meio ambiente!
Vamos saber porquê:
Vantagens para o bebê.
De uma forma geral, as crianças que mamam ao peito são mais
inteligentes.
Um estudo feito na Nova Zelândia, durante 18 anos, com mais
de 1.000 crianças provou que aquelas que foram amamentadas eram mais
inteligentes e tinham maior sucesso na escola e universidade.
(Horwood
and Fergusson, "Breastfeeding and Later Cognitive and Academic
Outcomes", Jan 1998 Pediatrics Vol. 101, No. 1).
Todos os bebês precisam dum contato íntimo com a mãe.
Inúmeras pesquisas mostram que bebês que não tiveram contacto físico tem maior
risco de adoecer e até de morrer.
Na amamentação, o contato físico é maior e proporciona à mãe
e ao bebê um momento de grande aproximação diária. Essa ligação emocional muito
forte e precoce pode facilitar o desenvolvimento da criança e o seu
relacionamento com outras pessoas.
Mesmo com amor e em boa fé, os pais que responsabilizam
outros pela amamentação dos seus filhos têm sempre uma tendência em deixar a
criança a se alimentar por si própria (especialmente as crianças maiores), que
além da inconveniência da falta de contato físico, a criança está mais propícia
em se engasgar ou ser vítima de outros problemas.
O desenvolvimento psicomotor e social dos bebês amamentados
é claramente melhor e resulta, na idade de um ano, em vantagens significativas.
(Baumgartner,
C.,"Psychomotor and Social Development of BreastFed and Bottle Fed babies
During their First year of Life". Acta Paediatrica Hungarica,
1984).
Leite materno contém endorfina, substância química que ajuda
a suportar um pouco mais a dor. É uma boa idéia amamentar o bebê logo de
início; ajuda a superar dores (como as resultantes de efeitos secundários de
certas vacinas) e o próprio leite materno também reforça a eficácia da vacina.
O leite materno, contém todos os nutrientes de que a criança
precisa nos primeiros seis meses de vida.
Tem água em quantidade suficiente, mesmo em clima quente e
seco o bebê que apenas mama no seio não precisa de água.
Contém proteínas e gorduras mais adequadas para a criança e
na quantidade certa;
Também tem mais lactose (açúcar do leite) do que os outros
leites;
Vitaminas em quantidades suficientes. Não há necessidade de
grandes suplementos vitamínicos (excepto a vitamina A, C e D);
Tem ferro em quantidade suficiente. Não há grande quantidade
de ferro, mas ele é bem absorvido no intestino da criança;
Quantidades adequadas de sais, cálcio e fósforo;
Uma enzima especial (lipase) que digere as gorduras, e por
isso o leite não é "pesado" como outros. O leite materno é facilmente
digerido e absorvido. A criança em aleitamento materno exclusivo pode desejar
uma nova mamada em intervalo menor do que aquela que está a ser amamentada por
leite de lata (maternizado).
Crianças que se alimentam ao leite de lata têm maior risco
de obesidade na vida adulta.
Crianças em aleitamento materno exclusivo, têm menos quadros
infecciosos porque o leite materno é estéril, isento de bactérias e contém
factores anti-infecciosos que incluem:
Células brancas vivas (leucócitos) que matam as bactérias
(micróbios);
Anticorpos (imunoglobulinas contra muitas das infecções mais
comuns. Isto ajuda a proteger a criança até que ela comece a produzir os seus
próprios anticorpos. Se a mãe tiver uma infecção, os anticorpos logo aparecem
no seu leite;
Uma substância chamada factor bífido que facilita o
crescimento de uma bactéria especial (Lactobacíllus bifidus), no intestino da
criança. Essa bactéria impede que outras cresçam e causem diarreias e certas
enterites;
Lactoferrina que se associa ao ferro, impede o crescimento
de bactérias patogénicas (ou seja, bactérias que provocam doença) que
necessitam deste nutriente.
O leite de vaca, também contém fatores imunológicos de ótima
qualidade, mas para o bezerro. Esses fatores só funcionam para a própria
espécie, ou seja, não é tão eficaz de um animal para outro de espécie
diferente. Contudo, alguns desses fatores até poderiam funcionar, mas eles são
destruídos pela armazenagem e pela fervura do leite.
Nos bebês, o ato de sugar o seio é importante para o
desenvolvimento das mandíbulas. Bebês que mamam têm de usar 60 vezes mais
energia para conseguir o alimento que aqueles que mamam pela mamadeira. Como as
mandíbulas são músculos esses são excelentes exercícios que proporcionam o
crescimento saudável de mandíbulas bem formadas. Entre as crianças, quanto
maior o período de amamentação, menor o risco de má-oclusão.
Por outro lado, a mamadeira com açúcar, especialmente
oferecido à noite, é causador de cáries precoces.
Dificuldades de fala e com a língua são frequentes em bebês
alimentados com mamadeira porque eles tentam fazer com que o leite flua de um
bico artificial. Pode levar a problemas de fala, assim como a respirar pela
boca e morder os lábios, entre outros.
Crianças alimentadas com mamadeira têm maior risco de
desenvolver alergias. Essa questão é particularmente importante no caso de
famílias com histórico de asma e outras doenças alérgicas.
Otite média é 3-4 vezes mais comum entre as crianças
alimentadas com mamadeira do que as alimentadas ao seio.
Crianças alimentadas artificialmente têm maior risco de
desenvolver certos linfomas (doenças dos orgãos linfáticos).
(Davis MK,
Savitz DA, Graubard BI. "Infant feeding and childhood cancer." Lancet.
1988;2:365-368 e Shu X-O, Clemens H, Zheng W, et al. "Infant breastfeeding and the risk of
childhood lymphoma and leukaemia". Int J Epidemiol.1995;24:27-32)
Bebês prematuros são especialmente beneficiados com a
amamentação.
"O leite produzido pelas mulheres que tiveram bebês
prematuros é diferentes do leite das mulheres que tiveram a gestação de 9 meses
(40 semanas). Especificamente, durante o primeiro mês pós-parto, o leite de
mães de bebês prematuros mantém a composição similar ao colostro - que é um
leite muito mais forte.
("Hamosh,
Margit, PhD, Georgetown University Medical Center "Breast-feeding:
Unraveling the Mysteries of Mother's Milk".)
Os bebês amamentados têm menor risco de contrair
enterecolite necrosante.
(Lucas A,
Cole TJ. "Breast milk and neonatal necrotizing enterocolitis." Lancet.
1990; 336:519-1523).
Os resultados de uma pesquisa na Finlândia sugerem que a
introdução de leites de vaca muito cedo aumenta o risco da criança desenvolver
diabete do tipo I (juvenil, insulino-dependente).
(Virtanen
et al: "Diet, Cow's milk protein antibodies and the risk of IDDM in
Finnish children." Childhood Diabetes in Finland Study Group.
Diabetologia, Apr 1994, 37(4):381-7).
Dados preliminares da Universidade de North Carolina/Duke
University indicam que crianças amamentadas tiveram menos risco de contrair
artrite juvenil ("Mother's Milk: An Ounce of Prevention?" Arthritis
Today May-June 1994).
A falta de amamentação está associada ao aumento da
incidência de esclerose múltipla.
(Dick, G.
"The Etiology of Multiple Sclerosis." Proc Roy Soc Med -
1989;69;611-5).
Amamentação protege o bebê contra certos problemas da visão.
Um estudo em Bangladdesh mostrou que a amamentação foi um fator importante de
proteção para cegueira noturna entre crianças na idade pré-escolar nas áreas
rurais e urbanas. O leite materno é, em geral, a maior, se não única, fonte de
vitamina A nos primeiros 24 meses de vida (ou durante o período de
amamentação).
(Birch E,
et al. "Breastfeeding and optimal visual development." J Pediatr
Ophthalmol Strabismus 1993;30:33-8 e Bloem, M. et al. "The role of
universal distribution of vitamin A capsules in combatting vitamin A deficiency
in Bangladesh.: Am J Epidemiol 1995; 142(8): 843-55).
Leite materno não contém materiais modificados
geneticamente. A maioria dos consumidores não sabe o que está a comer e cada
vez mais se utilizam alimentos transgênicos, que não são devidamente controlados
para já. Em estudos efectuados nos EUA com leites de soja : Alsoy, Similac,
Neocare, Isomil and Enfamil Prosobee, todos contêm modificações genéticas.
("Biotechnology's Bounty", M.Burros, N.Y. Times 05/21/97).
Vantagens para a mãe
A mãe que amamenta sente-se mais segura e menos ansiosa.
Não existe nada melhor que olhar um bebê de cinco meses de
idade e saber que toda a nutrição que ele precisa vem de da própria mãe!
Proporciona mais rapidez na diminuição do volume do útero e
evita a hemorragia no pós-parto. A amamentação estimula a produção de
ocitocina, que estimula as contracções que vão diminuir o tamanho do útero e
expulsar a placenta. Essas contrações também agem nos vasos sanguíneos da
mulher diminuindo as hemorragias.
A mulher que amamenta tem menos risco de contrair cancer de
mama.
Segundo estudos efetuados, se todas as mulheres que não
amamentaram ou amamentaram menos de 3 meses tivessem amamentado por 4 a 12
meses, o cancro de mama entre mulheres na pré-menopausa poderia ser reduzido em
11 por cento, em relação aos números actuais.
Se todas as mulheres amamentassem por 24 meses ou mais, essa
incidência seria reduzida em quase 25 por cento!
Mulheres que foram amamentadas, quando crianças, mesmo que
apenas por um tempo curto, tiveram um risco 25% mais baixo de desenvolver o
cancro de mama do que as mulheres que foram amamentadas com mamadeira.
(Freudenheim,
J. et al. 1994 "Exposure to breast milk in infancy and the risk of breast
cancer". Epidemiology 5:324-331).
A amamentação exclusiva protege contra a anemia (deficiência
de ferro), já que as mulheres amamentando exclusivamente, demoram mais tempo
para serem menstruadas, as suas "reservas" de ferro não são
diminuídas com o periodo menstrual;
A amamentação diminui o risco de osteoporose na vida adulta.
A incidência de mulheres com osteoporose que não amamentaram foi 4 vezes maior.
(Blaauw, R.
et al. "Risk factors for development of osteoporosis in a South African
population." SAMJ 1994; 84:328-32);
A amamentação diminui a necessidade de insulina entre as
mulheres que dão o seio ao bebê. A redução na dose de insulina no pós-parto foi
bastante maior entre as mulheres que amamentavam do que as que davam a
mamadeira.
(Davies,
H.A., "Insulin Requirements of Diabetic Women who Breast Feed." British
Medical Journal, 1989);
A amamentação estabiliza o progresso de endometriose
materna.
Não amamentar aumenta o risco de desenvolver cancro do
ovário e cancro do endométrio. (Rosenblatt
KA, Thomas DB, "WHO Collaborative Study of Neoplasia and Steroid
Contraceptives". Int J Epidemiol. 1993;22:192-197 e Schneider, A.P.
"Risk Factor for Ovarian Cancer". New England Journal of
Medicine, 1987).
Pode ajudar a intervalar o intervalo das gestações, mas
atenção, isso só acontece em certas condições especiais.
Amamentar ajuda a mulher a voltar ao peso normal bem mais
rapidamente;
Amamentar é muito prático!
Após o período inicial, de adaptação, fica muito mais
tranquilo. Observe mulheres que amamentam bebês maiores. Tudo que a mulher necessita
é levantar a blusa e dar o peito para o bebê. Não necessita sair para comprar
leites e mamadeiras, não precisa ferver o equipamento, aquecer o leite, mexer,
etc.
Se a mulher dormir com o bebê na mesma cama, não precisa se
levantar para preparar o leite, basta tirar o peito e colocar perto da criança;
ela faz o resto.
O leite materno está sempre na temperatura ideal, não
necessita em se preocupar se está frio ou vai queimar a boca do bebê!
Além de que nunca azeda ou se deteriora na mama.
Vantagens para a família.
A amamentação é mais econômica para a família.
Como os bebês amamentados adoecem menos, os pais desses
bebês têm menos problemas a cuidar de crianças doentes, e tal significa mais
tempo para toda a família;
Melhora a qualidade de vida das crianças e de toda a
família.
Vantagens para Todos.
Amamentar é um Ato Ecológico!
Se cada mulher dos EUA desse leite de mamadeira ao seu bebê,
seria preciso quase 86.000 toneladas de alumínio para produzir 550 milhões de
latas por ano.
Se cada mulher da Inglaterra amamentasse, seriam
economizados 3.000 toneladas de papel para os rótulos dos leites infantis.
Mas o leite não é o único problema.
Mamadeiras e bicos são feitos de plástico, vidro, borracha e
silicone. A produção desses materiais é cara e constantemente não são
reaproveitados. Todos esses produtos usam recursos naturais, causam poluição na
sua produção e distribuição e também criam um lixo no seu empacotamento,
promoção e exposição.
Fonte: CLINOTÁVORA
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