sexta-feira, 30 de novembro de 2012



Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Um grupo internacional de pesquisadores, que inclui cinco brasileiros, desenvolveu um fio dezenas de vezes mais forte do que o músculo humano. Os resultados do trabalho com nanotubos de carbono embebidos em parafina, além de vídeos de demonstração do material, foram publicados pela revista Science.
Similar a um fio de lã, o material é formado por fibras compostas por feixes de nanotubos de carbono – estruturas cilíndricas ocas, como canudos, constituídas por átomos de carbono ocupando vértices de hexágonos, que são leves, condutoras e dezenas de vezes mais resistentes do que o aço.
O material durante contração foi capaz de desenvolver uma potência de 27,9 kW/kg, enquanto o máximo que o músculo humano consegue desenvolver é cerca de 85 vezes menos. Ao ser torcido, o fio forma uma estrutura helicoloidal (de uma hélice) e se contrai por completo a uma velocidade de apenas 25 milionésimos de segundo – o que lhe permite suportar objetos atados com peso cem mil vezes maior do que o dele.
Os pesquisadores observaram que a contração do fio também pode ser induzida por um estímulo térmico, produzido por uma corrente elétrica ou luminosa, em função de o material possuir capacidade de absorver radiação e aumentar sua própria temperatura em níveis mais altos do que os de outros.
Além disso, também constataram que a contração do material poderia ser potencializada ao revesti-lo com parafina de cera, que tem a capacidade de se expandir muito rapidamente quando exposta a uma fonte de calor.
Por meio da combinação das propriedades dos dois materiais, quando o fio é aquecido por meio da exposição a uma lâmpada incandescente ou de uma corrente elétrica, a parafina da cera que o reveste se expande, obrigando o fio se contrair. Já quando se resfria, o material retorna ao estado inicial, provocando o relaxamento do fio, como ocorre com o músculo humano.
“Por causa da expansão e contração da parafina, o fio pode realizar ciclicamente esse movimento de contração e relaxamento que pode ser aplicado para erguer objetos muito mais pesados do que ele”, disse Alexandre Fontes da Fonseca, professor do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Bauru, e um dos autores do estudo, àAgência FAPESP.
De acordo com os autores da pesquisa, uma das possíveis aplicações tecnológicas do fio de nanotubos de carbono revestidos com parafina de cera estaria no desenvolvimento de tecidos inteligentes, com proteção contra o fogo.
Como o fio tem a capacidade de se contrair instantaneamente só em função do aumento da temperatura, em uma explosão um tecido feito com o material teria a capacidade de fechar os poros rapidamente e impedir a exposição ao fogo.
O material também pode ser utilizado para o desenvolvimento de “músculos artificiais” para o controle de movimentos de próteses externas (exoesqueletos) e robôs, para alavancas mais eficientes para mover objetos além de em cateteres, que podem ser empregados em intervenções minimamente invasivas, como no caso da desobstrução de artérias.
Mas um dos maiores interesses no material é para aplicações militares, em dispositivos que protejam balisticamente soldados, por exemplo. Os dois principais financiadores do estudo nos Estados Unidos foram a Marinha e a Força Aérea norte-americana.
“Esse material, provavelmente, vai gerar dezenas de patentes”, disse Douglas Soares Galvão, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor da pesquisa.
Essa não foi a primeira vez que se obteve um fio de nanotubos de carbono. Em um trabalho anterior, realizado pelo próprio grupo, foi desenvolvido um fio que, em vez de ser embebido em parafina de cera, necessita de uma fonte líquida ou eletrolítica para funcionar. Porém, em função disso, as vantagens da leveza dos nanotubos de carbono eram perdidas porque se necessitava de uma fonte muito mais pesada do que o material para utilizá-lo.
“O grande avanço desse novo fio de nanotubos de carbono revestido com parafina é que ele pode operar no ar, sem fonte externa. Só a luz é suficiente para fazer com que ele se contraia”, comparou Galvão.
Galvão mantém há mais de 20 anos colaborações científicas com o grupo de cientistas do NanoTech Institute da Universidade do Texas em Dallas, nos Estados Unidos, onde foi realizada a parte experimental do estudo por um grupo que inclui os brasileiros Márcio Dias Lima e Mônica Jung de Andrade –autores principais do trabalho.
Os outros autores brasileiros do projeto – Leonardo Dantas Machado, que realiza doutorado no IFGW da Unicamp sob orientação de Galvão, com Bolsa da FAPESP, e Fonseca, da Unesp de Bauru, que também realizou suas pesquisas de iniciação científicadoutorado e pós-doutorado com Bolsa da FAPESP – também passaram pelo Instituto de Nanotecnologia da universidade norte-americana.
Contribuição brasileira
Uma das principais contribuições dos pesquisadores sediados no Brasil no estudo foi analisar as propriedades estruturais, mecânicas e o comportamento elástico-mecânico dos fios de nanotubos de carbono.
O trabalho de Fonseca, por exemplo, foi compreender melhor o processo de formação da estrutura helicoloidal das fibras de nanotubos de carbono quando são torcidas.
O objetivo da pesquisa foi aumentar o entendimento sobre as contrações na escala dos nanotubos de carbono individuais do fio. Mas o grupo de cientistas ainda não sabe se os nanotubos de carbono apresentam contração ou expansão térmica negativa.
No caso do grafeno, por exemplo, que consiste de um nanotubo de carbono desenrolado, alguns estudos demonstraram que, quando aquecido até menos de 700 graus, o material encolhe, em vez de se expandir, devido a vibrações dos átomos fora do plano da estrutura. “Ainda há dúvidas se os nanotubos de carbono individuais se contraem ou não e não há uma conclusão definitiva sobre isso”, disse Fonseca.
Por meio de um projeto de pesquisa que iniciou em setembro, com apoio da FAPESP, o pesquisador pretende estudar em nível microscópico o comportamento térmico de contração e expansão de nanotubos de carbono individuais por meio de simulações atomísticas para tentar compreender as propriedades mecânicas e elásticas mais gerais do fio.
O artigo Eletrically, chemically, and photonically powered torsional and tensile actuation of hybrid carbon nanotube yarn muscles(doi: 10.1126/science.1226762), de Márcio Dias Lima e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Amamentar?


Como e Porquê Amamentar?
O ideal é que o bebê seja alimentado exclusivamente ao seio nos seis primeiros meses (evitando inclusive a água e chás). Mas a amamentação traz também grandes benefícios para os bebês depois dos seis meses!
Segundo a Organização Mundial de Saúde os bebês deveriam ser amamentados, com complemento, no mínimo até ao 2º ano de vida. Os benefícios da amamentação continuam mesmo para crianças maiores.
Mas a amamentação, não traz benefícios apenas para o bebê. É muito importante também para a mulher, a família e até para o meio ambiente!
Vamos saber porquê:

Vantagens para o bebê.

De uma forma geral, as crianças que mamam ao peito são mais inteligentes.
Um estudo feito na Nova Zelândia, durante 18 anos, com mais de 1.000 crianças provou que aquelas que foram amamentadas eram mais inteligentes e tinham maior sucesso na escola e universidade.
(Horwood and Fergusson, "Breastfeeding and Later Cognitive and Academic Outcomes", Jan 1998 Pediatrics Vol. 101, No. 1).

Todos os bebês precisam dum contato íntimo com a mãe. Inúmeras pesquisas mostram que bebês que não tiveram contacto físico tem maior risco de adoecer e até de morrer.
Na amamentação, o contato físico é maior e proporciona à mãe e ao bebê um momento de grande aproximação diária. Essa ligação emocional muito forte e precoce pode facilitar o desenvolvimento da criança e o seu relacionamento com outras pessoas.
Mesmo com amor e em boa fé, os pais que responsabilizam outros pela amamentação dos seus filhos têm sempre uma tendência em deixar a criança a se alimentar por si própria (especialmente as crianças maiores), que além da inconveniência da falta de contato físico, a criança está mais propícia em se engasgar ou ser vítima de outros problemas.

O desenvolvimento psicomotor e social dos bebês amamentados é claramente melhor e resulta, na idade de um ano, em vantagens significativas.
(Baumgartner, C.,"Psychomotor and Social Development of BreastFed and Bottle Fed babies During their First year of Life". Acta Paediatrica Hungarica, 1984).

Leite materno contém endorfina, substância química que ajuda a suportar um pouco mais a dor. É uma boa idéia amamentar o bebê logo de início; ajuda a superar dores (como as resultantes de efeitos secundários de certas vacinas) e o próprio leite materno também reforça a eficácia da vacina.

O leite materno, contém todos os nutrientes de que a criança precisa nos primeiros seis meses de vida.
Tem água em quantidade suficiente, mesmo em clima quente e seco o bebê que apenas mama no seio não precisa de água.
Contém proteínas e gorduras mais adequadas para a criança e na quantidade certa;
Também tem mais lactose (açúcar do leite) do que os outros leites;
Vitaminas em quantidades suficientes. Não há necessidade de grandes suplementos vitamínicos (excepto a vitamina A, C e D);
Tem ferro em quantidade suficiente. Não há grande quantidade de ferro, mas ele é bem absorvido no intestino da criança;
Quantidades adequadas de sais, cálcio e fósforo;
Uma enzima especial (lipase) que digere as gorduras, e por isso o leite não é "pesado" como outros. O leite materno é facilmente digerido e absorvido. A criança em aleitamento materno exclusivo pode desejar uma nova mamada em intervalo menor do que aquela que está a ser amamentada por leite de lata (maternizado).
Crianças que se alimentam ao leite de lata têm maior risco de obesidade na vida adulta.

Crianças em aleitamento materno exclusivo, têm menos quadros infecciosos porque o leite materno é estéril, isento de bactérias e contém factores anti-infecciosos que incluem:
Células brancas vivas (leucócitos) que matam as bactérias (micróbios);
Anticorpos (imunoglobulinas contra muitas das infecções mais comuns. Isto ajuda a proteger a criança até que ela comece a produzir os seus próprios anticorpos. Se a mãe tiver uma infecção, os anticorpos logo aparecem no seu leite;
Uma substância chamada factor bífido que facilita o crescimento de uma bactéria especial (Lactobacíllus bifidus), no intestino da criança. Essa bactéria impede que outras cresçam e causem diarreias e certas enterites;
Lactoferrina que se associa ao ferro, impede o crescimento de bactérias patogénicas (ou seja, bactérias que provocam doença) que necessitam deste nutriente.

O leite de vaca, também contém fatores imunológicos de ótima qualidade, mas para o bezerro. Esses fatores só funcionam para a própria espécie, ou seja, não é tão eficaz de um animal para outro de espécie diferente. Contudo, alguns desses fatores até poderiam funcionar, mas eles são destruídos pela armazenagem e pela fervura do leite.

Nos bebês, o ato de sugar o seio é importante para o desenvolvimento das mandíbulas. Bebês que mamam têm de usar 60 vezes mais energia para conseguir o alimento que aqueles que mamam pela mamadeira. Como as mandíbulas são músculos esses são excelentes exercícios que proporcionam o crescimento saudável de mandíbulas bem formadas. Entre as crianças, quanto maior o período de amamentação, menor o risco de má-oclusão.

Por outro lado, a mamadeira com açúcar, especialmente oferecido à noite, é causador de cáries precoces.
Dificuldades de fala e com a língua são frequentes em bebês alimentados com mamadeira porque eles tentam fazer com que o leite flua de um bico artificial. Pode levar a problemas de fala, assim como a respirar pela boca e morder os lábios, entre outros.

Crianças alimentadas com mamadeira têm maior risco de desenvolver alergias. Essa questão é particularmente importante no caso de famílias com histórico de asma e outras doenças alérgicas.
Otite média é 3-4 vezes mais comum entre as crianças alimentadas com mamadeira do que as alimentadas ao seio.

Crianças alimentadas artificialmente têm maior risco de desenvolver certos linfomas (doenças dos orgãos linfáticos).
(Davis MK, Savitz DA, Graubard BI. "Infant feeding and childhood cancer." Lancet. 1988;2:365-368 e Shu X-O, Clemens H, Zheng W, et al. "Infant breastfeeding and the risk of childhood lymphoma and leukaemia". Int J Epidemiol.1995;24:27-32)

Bebês prematuros são especialmente beneficiados com a amamentação.
"O leite produzido pelas mulheres que tiveram bebês prematuros é diferentes do leite das mulheres que tiveram a gestação de 9 meses (40 semanas). Especificamente, durante o primeiro mês pós-parto, o leite de mães de bebês prematuros mantém a composição similar ao colostro - que é um leite muito mais forte.
("Hamosh, Margit, PhD, Georgetown University Medical Center "Breast-feeding: Unraveling the Mysteries of Mother's Milk".)

Os bebês amamentados têm menor risco de contrair enterecolite necrosante.
(Lucas A, Cole TJ. "Breast milk and neonatal necrotizing enterocolitis." Lancet. 1990; 336:519-1523).

Os resultados de uma pesquisa na Finlândia sugerem que a introdução de leites de vaca muito cedo aumenta o risco da criança desenvolver diabete do tipo I (juvenil, insulino-dependente).
(Virtanen et al: "Diet, Cow's milk protein antibodies and the risk of IDDM in Finnish children." Childhood Diabetes in Finland Study Group. Diabetologia, Apr 1994, 37(4):381-7).

Dados preliminares da Universidade de North Carolina/Duke University indicam que crianças amamentadas tiveram menos risco de contrair artrite juvenil ("Mother's Milk: An Ounce of Prevention?" Arthritis Today May-June 1994).

A falta de amamentação está associada ao aumento da incidência de esclerose múltipla.
(Dick, G. "The Etiology of Multiple Sclerosis." Proc Roy Soc Med - 1989;69;611-5).

Amamentação protege o bebê contra certos problemas da visão. Um estudo em Bangladdesh mostrou que a amamentação foi um fator importante de proteção para cegueira noturna entre crianças na idade pré-escolar nas áreas rurais e urbanas. O leite materno é, em geral, a maior, se não única, fonte de vitamina A nos primeiros 24 meses de vida (ou durante o período de amamentação).
(Birch E, et al. "Breastfeeding and optimal visual development." J Pediatr Ophthalmol Strabismus 1993;30:33-8 e Bloem, M. et al. "The role of universal distribution of vitamin A capsules in combatting vitamin A deficiency in Bangladesh.: Am J Epidemiol 1995; 142(8): 843-55).

Leite materno não contém materiais modificados geneticamente. A maioria dos consumidores não sabe o que está a comer e cada vez mais se utilizam alimentos transgênicos, que não são devidamente controlados para já. Em estudos efectuados nos EUA com leites de soja : Alsoy, Similac, Neocare, Isomil and Enfamil Prosobee, todos contêm modificações genéticas. ("Biotechnology's Bounty", M.Burros, N.Y. Times 05/21/97).

Vantagens para a mãe

A mãe que amamenta sente-se mais segura e menos ansiosa.
Não existe nada melhor que olhar um bebê de cinco meses de idade e saber que toda a nutrição que ele precisa vem de da própria mãe!

Proporciona mais rapidez na diminuição do volume do útero e evita a hemorragia no pós-parto. A amamentação estimula a produção de ocitocina, que estimula as contracções que vão diminuir o tamanho do útero e expulsar a placenta. Essas contrações também agem nos vasos sanguíneos da mulher diminuindo as hemorragias.

A mulher que amamenta tem menos risco de contrair cancer de mama.
Segundo estudos efetuados, se todas as mulheres que não amamentaram ou amamentaram menos de 3 meses tivessem amamentado por 4 a 12 meses, o cancro de mama entre mulheres na pré-menopausa poderia ser reduzido em 11 por cento, em relação aos números actuais.
Se todas as mulheres amamentassem por 24 meses ou mais, essa incidência seria reduzida em quase 25 por cento!
Mulheres que foram amamentadas, quando crianças, mesmo que apenas por um tempo curto, tiveram um risco 25% mais baixo de desenvolver o cancro de mama do que as mulheres que foram amamentadas com mamadeira.
(Freudenheim, J. et al. 1994 "Exposure to breast milk in infancy and the risk of breast cancer". Epidemiology 5:324-331).

A amamentação exclusiva protege contra a anemia (deficiência de ferro), já que as mulheres amamentando exclusivamente, demoram mais tempo para serem menstruadas, as suas "reservas" de ferro não são diminuídas com o periodo menstrual;

A amamentação diminui o risco de osteoporose na vida adulta. A incidência de mulheres com osteoporose que não amamentaram foi 4 vezes maior.
(Blaauw, R. et al. "Risk factors for development of osteoporosis in a South African population." SAMJ 1994; 84:328-32);

A amamentação diminui a necessidade de insulina entre as mulheres que dão o seio ao bebê. A redução na dose de insulina no pós-parto foi bastante maior entre as mulheres que amamentavam do que as que davam a mamadeira.
(Davies, H.A., "Insulin Requirements of Diabetic Women who Breast Feed." British Medical Journal, 1989);

A amamentação estabiliza o progresso de endometriose materna.
Não amamentar aumenta o risco de desenvolver cancro do ovário e cancro do endométrio. (Rosenblatt KA, Thomas DB, "WHO Collaborative Study of Neoplasia and Steroid Contraceptives". Int J Epidemiol. 1993;22:192-197 e Schneider, A.P. "Risk Factor for Ovarian Cancer". New England Journal of Medicine, 1987).

Pode ajudar a intervalar o intervalo das gestações, mas atenção, isso só acontece em certas condições especiais.

Amamentar ajuda a mulher a voltar ao peso normal bem mais rapidamente;

Amamentar é muito prático!
Após o período inicial, de adaptação, fica muito mais tranquilo. Observe mulheres que amamentam bebês maiores. Tudo que a mulher necessita é levantar a blusa e dar o peito para o bebê. Não necessita sair para comprar leites e mamadeiras, não precisa ferver o equipamento, aquecer o leite, mexer, etc.
Se a mulher dormir com o bebê na mesma cama, não precisa se levantar para preparar o leite, basta tirar o peito e colocar perto da criança; ela faz o resto.
O leite materno está sempre na temperatura ideal, não necessita em se preocupar se está frio ou vai queimar a boca do bebê!
Além de que nunca azeda ou se deteriora na mama.

Vantagens para a família.

A amamentação é mais econômica para a família.
Como os bebês amamentados adoecem menos, os pais desses bebês têm menos problemas a cuidar de crianças doentes, e tal significa mais tempo para toda a família;
Melhora a qualidade de vida das crianças e de toda a família.

Vantagens para Todos.
Amamentar é um Ato Ecológico!
Se cada mulher dos EUA desse leite de mamadeira ao seu bebê, seria preciso quase 86.000 toneladas de alumínio para produzir 550 milhões de latas por ano.
Se cada mulher da Inglaterra amamentasse, seriam economizados 3.000 toneladas de papel para os rótulos dos leites infantis.
Mas o leite não é o único problema.
Mamadeiras e bicos são feitos de plástico, vidro, borracha e silicone. A produção desses materiais é cara e constantemente não são reaproveitados. Todos esses produtos usam recursos naturais, causam poluição na sua produção e distribuição e também criam um lixo no seu empacotamento, promoção e exposição.

Fonte: CLINOTÁVORA

Aleitamento materno- vínculo mãe e filho


O vínculo entre mãe e bebê tem início quando este ainda está no ventre e, na verdade, não é automático e imediato. A ligação começa junto com a gestação, cresce gradativamente, e durante esse período tudo o que a mãe sente repercute no embrião e, futuramente, no bebê. Nos três primeiros meses, as mensagens por ela enviadas, se não forem positivas, tornam-se desagradáveis e podem causar desconforto para o feto, assim como o amor e o carinho passados por meio de palavras e do toque delicado no ventre o tranquilizam. Conforme o bebê se desenvolve, ele é capaz de captar e entender as emoções e sentimentos transmitidos pela mãe.
Todo bebê precisa se sentir desejado e amado, mas nos dias de hoje, com o trabalho e a vida agitada, muitas vezes o cansaço e o estresse dificultam o processo de comunicação afetiva. Neste caso, a prática de relaxamento e um ambiente calmo e tranquilizador podem resgatá-lo e propiciar um maior contato entre a mãe e o bebê, acalmando e levando para ele proteção e paz.
Quando o bebê nasce, é preciso ter sempre em mente que o aleitamento materno é um dos procedimentos mais importantes para fortalecer o vínculo afetivo e também indispensável como alimento e proteção para ele. A maioria das mães sonha com o momento único e seguramente sublime que é a primeira mamada, quando ambos se reconhecem através do cheiro, do calor e da voz da mãe. Neste momento a criança reconhece as batidas do coração materno e, como num passe de mágica, os dois se tornam um só, ligados por uma única ação, mas também por vários sentimentos. Ou seja, a mãe não está apenas oferecendo a nutrição, o leite materno. Ela está vivenciando sensações prazerosas que vão por muito tempo influenciar a afetividade entre ambos. Além disto, o contato pele a pele da mãe com o recém-nascido interfere positivamente na relação deste com o mundo.
Além dos aspectos afetivos, é preciso salientar que o leite humano é o alimento mais completo para o bebê, e que sua composição é modificada durante a amamentação: do primeiro ao sétimo dia pós-parto ele é chamado de colostro, e é rico em proteínas e imunoglobulinas e pobre em lactose e gorduras. Apesar do aspecto ralo, é de fundamental importância, já que possui anticorpos. A partir do oitavo dia e até o décimo-quarto é chamado de leite de transição, e do décimo-quinto dia em diante é chamado de leite maduro.
A presença participativa da figura paterna ou da família também tem grande importância no desenvolvimento saudável do recém-nascido, reafirmando a qualidade do vínculo estabelecido com a mãe. A separação prolongada entre ela e o bebê pode interferir negativamente na formação das ligações afetivas, acarretando danos futuros, como problemas de relacionamento social.
Em alguns casos, a relação que se estabelece por meio do aleitamento materno pode ser impossibilitada devido à mãe ser portadora de HIV ou de outras doenças, notadamente hepatite B e câncer, ou devido ao uso de medicamentos. Nestas situações, a opção é amamentar o bebê com leite recebido de um Banco de Leite Humano (BLH).
A doação de leite humano para os centros de coleta ajuda a salvar as vidas dos bebês internados em UTIs neonatais e dos filhos de mães que não podem amamentar. O BLH é um centro especializado e está obrigatoriamente ligado a um hospital materno-infantil, sendo responsável pela coleta, controle da pasteurização, qualidade e distribuição do leite para a UTI neonatal, de modo a suprir a demanda de bebês internados. Vale ainda lembrar que o leite humano deverá sempre ser doado, nunca vendido.
Toda mãe que tem leite em excesso pode fazer a doação. É muito simples, e basta seguir a seguinte orientação:

• Esterilizar um vidro com tampa.
• Prender os cabelos com uma touca e colocar uma fralda no rosto tapando nariz e boca.
• Lavar com sabão os seios e secá-los.
• Lavar com sabão as mãos e braços até a altura dos cotovelos e secá-los.
• Desprezar o primeiro jato do leite.
• Ordenhar as mamas ejetando o leite dentro do vidro, sem tocar na sua borda.
• Guardar o vidro com o leite no freezer.
Além desses passos, não esquecer de anotar em uma etiqueta a data do parto e o dia da coleta. Isto serve para determinar qual o bebê mais indicado para receber o leite, pois sua composição se altera com o passar dos dias. Depois, é só ligar para o Banco de Leite mais próximo da sua residência ou para os Bombeiros Amigos do Peito  no telefone 0800-646-8283. O atendimento é domiciliar e a ligação é gratuita.
Obs.: O Banco de Leite de Jundiaí atende de segunda a sábado das 7 às 13 horas, e fica na Avenida Henrique Andrés, 547 – Centro, telefone (11) 4521-7244, o atendimento é domiciliar e eles fornecem os frascos para a coleta e realizam toda a orientação! Colabore!!!




quinta-feira, 15 de novembro de 2012

VIOLÊNCIA A GESTANTE

 Conversando com uma amiga quanto a violência a gestante, lembrei-me que em meu período acadêmico realizei trabalho desse tema, na qual estou disponibilizando para auxilio aos estudos quanto ao tema... Boa leitura a todos!


INTRODUÇÃO 

Por Fernanda S.

Presente na maioria das sociedades, a violência praticada pelo parceiro íntimo constitui a forma mais endêmica de violência contra a mulher, no entanto não é reconhecida como forma de violência, sendo muitas vezes aceita como fenômeno cultural, fazendo parte dos costumes e normas da sociedade que entendem e aceitam a violência exercida contra mulheres como forma de ação disciplinar exercida sobre esposas e filhas. 
"Qualquer ato de violência baseado na diferença de gênero, que resulte em sofrimentos e danos físicos, sexuais e psicológicos da mulher; inclusive ameças de tais atos, coerção e privação da liberdade seja na vida pública ou privada". - Conselho Social e Econômico, Nações Unidas (1992).


Segundo estimativas do Banco Mundial, uma mulher tem maior probabilidade de ser espancada, violada ou assassinada pelo seu parceiro atual ou anterior que por um estranho. Embora não sejam dados conclusivos, estudos apontam a gravidez como fator de risco para a violência doméstica, podendo esta ter início depois da gestação ou alterar o padrão quanto à freqüência e gravidade neste período. Estudos de revisão sobre prevalência de VD na gravidez indicam uma estimativa de 0,9 a 20,1%, referindo a maioria dos estudos taxas entre 3,9 e 8,3% entre mulheres grávidas investigadas (MENEZES, 2003).
Em um estudo realizado para pesquisar a percepção da enfermagem a cerca da violência intrafamiliar em gestantes, as conclusões expressaram a  necessidade de amplitude das reflexões relações da enfermeira obstétrica saúde da população feminina, o uso de instrumentos para as mesmas como identificação e abordagem direta a violência contra a gestante no âmbito intrafamiliar, estudos científicos que explorem reflexões sobre as práticas da enfermeira obstétrica frente a temática violência a mulher e sua repercussão nas fases do seu ciclo vital, fortalecimento da temática nos cursos de graduação em saúde, inclusão do tema nas escolas, a realização de análises e acompanhamento dos casos atendidos com discussões multidisciplinares, realização de grupos de educadores em saúde para conscientização para a equipe de saúde, comunidade no aspecto compreensão sobre direitos reprodutivos, violência à mulher na sua perspectiva de gênero na família e os agravos à sociedade como um todo (MEDINA, 2008).

Lei Maria da Penha
Agredida pelo marido durante seis anos, Maria da Penha foi vítima de duas tentativas de homicídio. Em uma delas, ficou paraplégica. O agressor só foi punido após 19 anos e ficou apenas dois anos em regime fechado.
A falta de rigor na lei brasileira na época dos crimes levou o país a ser condenado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA - órgão internacional responsável por julgar ações decorrentes de violação de acordos internacionais.
Aprovada por unanimidade em 22 de setembro de 2006, a Lei 11340/06 – mais conhecida como Lei Maria da Penha – foi criada com a finalidade de coibir a violência doméstica contra a mulher. Contém ainda propostas de medidas de prevenção, assistência e proteção às mulheres vítimas de violência.
A Lei propõe a criação de varas especializadas em violência doméstica e ainda procedimentos específicos para lidar com o tema, dentro da Lei nº 9.099. Além disso, prevê o encaminhamento de mulheres em situação de violência e seus dependentes a programas e serviços de proteção, garantindo os diretos à guarda dos filhos e a seus bens. Trata também do processo da volta para o lar, ou seja, a recondução da mulher a sua residência depois do afastamento do agressor.
De acordo com dados da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), foram instaurados 32.630 inquéritos policiais, 10.450 processos criminais, 864 prisões em flagrante e 77 preventivas durante os primeiros oito meses de vigência da nova lei (out/2006 a maio/2007).

Discussão em jornal da Unicamp, tendo como tema “Nem gestantes são poupadas da violência doméstica”

Por Manuel Alves Filho da tese de doutorado em Saúde Coletiva 1.379 mulheres gestantes que realizaram o acompanhamento pré-natal nas unidades públicas de saúde, no período de 2004 a 2006 em Campinas divulgou no estudo que: a cada 6  mulheres, uma é  vitima de qualquer tipo de violência na Região Sudoeste de Campinas.
Das 1.379 mulheres grávidas que realizaram o pré - natal nas unidades públicas de saúde de Campinas: 19,1% disseram ser vitimas de violência psicológica mediada por ofensas, intimidações e atos que causam humilhação, 6,5% disseram ter sido vítimas de violência física ou sexual por parceiros usuários drogas e álcool mais de uma vez na semana.
                                 
De acordo com a autora a lei Maria da Penha traz benefícios, mas, que ainda há carência de mecanismos adequados para assistir a gestante vitima de violência (AUDI, 2007).

Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres
O objetivo do Pacto é prevenir e combater todo tipo de violência contra as mulheres e garantir seus direitos. Segundo a Secretaria Especial de Políticas para a Mulher, até 2011 serão aplicados R$ 1 bilhão em quatro áreas estratégicas: consolidação da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e implementação da Lei Maria da Penha; Promoção dos Direitos Sexuais e Reprodutivos das Mulheres; Combate à Exploração Sexual de Meninas e Adolescentes e ao Tráfico de Mulheres; Promoção dos Direitos Humanos das Mulheres em Situação de Prisão.
Entre as ações previstas pelo Pacto, estão a construção, reforma e reaparelhamento de mais de 700 serviços especializados de atendimento à mulher (delegacias, defensorias, centros de referência, etc.), a capacitação policiais e profissionais de educação e a realização de campanhas educativas e culturais de prevenção à violência de gênero.
O Pacto também é responsável pela instalação do Observatório de Monitoramento da Implementação e Aplicação da Lei Maria da Penha, melhoria das condições de encarceramento feminino, projetos inovadores de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes e implantação de uma metodologia de atendimento às mulheres vítimas de tráfico, entre outras medidas.

Atendendo às mulheres
O governo federal criou uma Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, um serviço gratuito de orientação sobre o enfrentamento à violência à mulher, questões de gênero e informações sobre as políticas do governo federal voltadas às mulheres. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana (inclusive feriados) e pode ser acessado de qualquer parte do Brasil.
No mês de novembro de 2007, por exemplo, o Ligue 180 registrou 24.849 atendimentos, dentre os quais 1.632 foram relatos de violência.
Secretaria Municipal de Integração Social

Mulher Vítima de Violência

Quando a mulher vitimizada toma a decisão de se encaminhar à Delegacia de Defesa da Mulher e comunicar uma agressão sofrida, precisa de um aparato que a proteja e apóie. Jundiaí oferece, desde fevereiro de 2006 um abrigo (Casa Sol) para protegê-la (e a seus filhos), e um corpo técnico para apoiá-la sócio-emocionalmente na decisão que tomar. É comum a mulher, após a elaboração do Termo Circunstanciado, retornar à Delegacia ou, quando chamada no Fórum local, “desistir” ou “abandonar” o processo por medo, por não ter rendimento próprio, por pressão emocional de familiares, dentre outros motivos. Com este equipamento, abrigada com segurança e com endereço sigiloso (protegida) e apoio de técnicos, ela encontrará caminhos para uma nova “existência” e para buscar formas positivas de vida.

Com capacidade de atendimento para 10 mulheres vitimizadas, o atendimento tem início após decisão e encaminhamento da Delegacia de Defesa da Mulher de Jundiaí, que definirá a necessidade do abrigamento. O tempo de permanência na Casa depende dos encaminhamentos realizados, tanto na esfera judicial como do atendimento sócio-emocional.
• Serviços de saúde materno-infantil.

Como a violência é pelo menos tão comum e, às vezes, mais grave do que uma variedade de outras condições para as quais os profissionais de saúde fazem triagens rotineiras durante a gravidez, a maioria dos especialistas considera que todas as mulheres atendidas no pré-natal deveriam passar por triagem para detectar abuso doméstico. O ambiente do atendimento pré-natal é particularmente adequado à discussão sobre o abuso porque a confiança das mulheres vai aumentando a cada nova visita. A triagem pós-parto também é importante, já que a violência pode aumentar em freqüência ou gravidade depois do parto. As consultas pediátricas e de puericultura oferecem também uma boa oportunidade para identificar e oferecer apoio às mães e crianças que experimentam a violência no lar. 
Realmente, o ideal seria que os profissionais de saúde coordenassem suas ações com os serviços comunitários, entre eles os grupos locais de mulheres, mas existem muitas ações que os profissionais de saúde podem executar imediatamente durante a visita à clínica:

1. Avaliar o perigo imediato. 
Procure saber se a mulher acha que ela ou seus filhos correm perigo imediato. Se for este o caso, ajude-a a pensar em vários cursos possíveis de ação. Ela teria um amigo ou parente que poderia ajudá-la? Se houver um abrigo de mulheres ou um centro de atendimento de emergência na área, ofereça-se para entrar em contato com eles. Alguns hospitais e clínicas têm diretrizes explícitas para permitir que as mulheres que sofrem abuso doméstico passem a noite no hospital se não se sentirem seguras em voltar para casa, mas o abandono temporário de um parceiro violento não acaba necessariamente com a violência. O momento mais perigoso de uma mulher junto a um parceiro violento é geralmente logo depois que ela decidir sair de casa ou terminar o relacionamento .                                                                                                          
2. Oferecer o atendimento adequado
Para as mulheres que sofreram agressão sexual, o atendimento mais adequado poderá incluir a contracepção de emergência e o tratamento preventivo da gonorréia, sífilis ou outras DST prevalentes no local. Exceto se houver necessidade inquestionável, os clínicos devem evitar receitar tranqüilizantes e drogas que alteram o estado emocional das mulheres que convivem com parceiros abusivos, pois este tipo de droga pode prejudicar sua capacidade para prever e reagir aos ataques dos parceiros.
3. Documentar a situação das mulheres. 
Alguns serviços de atendimento de saúde documentam adequadamente os casos de abuso contra mulheres. Em Joanesburgo, na África do Sul, uma avaliação constatou que, em 78% dos casos de abuso, os serviços não tinham registrado a identidade do agressor. Os registros clínicos incluíam descrições realistas porém generalizadas, tais como “recebeu golpes de machado“ ou “foi apunhalada“.
Uma documentação cuidadosa dos sintomas ou lesões sofridos pelas mulheres, bem como de seu histórico de abuso, é útil para o acompanhamento médico futuro. A documentação também é importante caso a mulher decida posteriormente apresentar queixas contra o agressor ou conseguir a guarda dos filhos. A documentação deve ser a mais completa possível, dela constando claramente a identidade do agressor e seu relacionamento com a vítima.
4. Preparar um plano de proteção
Apesar das mulheres não poderem evitar a reincidência dos atos de violência e não estarem dispostas a dar queixas à polícia, existem formas para se protegerem e aos seus filhos. Elas podem manter uma sacola pronta com documentos importantes, chaves e uma muda de roupa ou podem criar um sistema de código para indicar aos filhos o momento em que necessitam pedir ajuda a algum vizinho. Os serviços de saúde devem discutir um plano típico de proteção com a mulher e decidir com ela que ações poderiam ser adotadas para ajudá-la a resolver sua situação. Um boa técnica é afixar descrições de planos típicos de proteção nas paredes dos banheiros das clínicas e salas de exame médico, onde as mulheres podem lê-los sem sentir embaraço.
5. Informar às mulheres os seus direitos
Quando uma mulher toma a decisão de revelar sua situação a outros, é essencial que os profissionais de saúde enfatizem que a violência não é sua culpa e que ninguém merece ser agredida ou estuprada. Os códigos penais da maior parte dos países consideram o estupro e a agressão física como crimes, mesmo que não existam leis específicas contra a violência doméstica. O pessoal de saúde deve procurar se informar sobre as proteções legais que existem para as vítimas do abuso e onde as mulheres e crianças podem procurar ajuda na defesa de seus direitos.
         
6. Encaminhar as mulheres às instalações e serviços comunitários.
 Os profissionais de saúde podem ajudar as vítimas do abuso identificando-as o mais rápido possível e encaminhando-as aos serviços comunitários que estejam disponíveis. As necessidades das vítimas geralmente são superiores ao atendimento que o sistema normal de saúde pode proporcionar. Por isso é essencial que os profissionais de saúde saibam com antecedência que outros recursos estão disponíveis para ajudar as vítimas do abuso. É particularmente útil para os profissionais de saúde conhecerem pessoalmente as pessoas e instalações que prestam serviços às vítimas da violência, pois estarão mais propensos a encaminhar uma cliente a alguém que conhecem.


INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM
As unidades de saúde e os hospitais de referência devem estabelecer fluxos internos de atendimento, definindo profissional responsável por cada etapa da atenção; Isso deve incluir entrevista, registro da história, exame clínico e ginecológico, exames complementares e acompanhamento psicológico. Também deve estar incluso no processo de atenção à mulher condições especiais, como intervenções de emergência ou internação hospitalar.
As mulheres em situação de violência sexual devem ser informadas pelo enfermeiro responsável pela unidade, sempre que possível sobre tudo o que será realizado em cada etapa do atendimento e a importância de cada medida. Sua autonomia deve ser respeitada, acatando-se a eventual recusa de algum procedimento e o enfermeiro deve encaminhá-la para um atendimento psicológico onde medidas de fortalecimento serão dadas e essa mulher, ajudando-a a enfrentar os conflitos e os problemas inerentes à situação vivida.

FASES A SEREM SEGUIDAS PELO ENFERMEIRO
REGISTRO DE ENCAMINHAMENTO

Registrar em prontuário:
1.  Local, dia e hora aproximada da violência sexual;
2.  Tipo de violência sexual sofrida;
3.  Forma de constrangimento utilizada;
4.  Tipificação e número de agressores;
5.  Órgão que realizou o encaminhamento.

PROVIDÊNCIAS INSTITUÍDAS
Verificar eventuais medidas prévias:
1.  Atendimento de emergência em outro serviço de saúde e medidas de proteção realizadas;
2.  Realização do Boletim de Ocorrência Policial;
3.  Realização do exame pericial de Corpo de Delito e Conjunção Carnal;
4.  Comunicação ao Conselho Tutelar ou à Vara da Infância e da Juventude (para crianças e adolescentes);
5.  Realização de exames laboratoriais;
6.  Outras medidas legais cabíveis.

COMO O ENFERMEIRO DEVE AVALIAR AS SITUAÇÕES DE RISCO
A avaliação dos riscos deverá ser feita junto com a usuária. É preciso identificar as situações de maior vulnerabilidade, a fim de elaborar estratégias preventivas de atuação. Nos casos de famílias em situação de violência, o enfermeiro deve-se observar a história da pessoa agredida, o histórico de violência na família e a descrição dos atos de violência. O enfermeiro também deve avaliar os riscos de repetição ou agravamento, visando à prevenção de novos episódios. Quando se tratar de criança, adolescente ou pessoa em condição de dependência em relação ao agressor é importante avaliar a necessidade de estabelecer mecanismos de intervenção que atenuem a dependência e a vulnerabilidade.
No caso específico de violência sexual, é necessário alertar a pessoa quanto a medidas de proteção individual, formas de defesa e, sobretudo, orientar condutas que evitem maior dano. Se a violência contra a mulher é perpetrada por parceiro íntimo, é preciso avaliar a necessidade de acompanhamento e proteção, no sentido de garantir socorro e abrigo a esta e aos filhos, quando necessário (por exemplo, casa abrigo), principalmente a partir do momento em que ela decida denunciar o companheiro ou romper a relação.



REFERÊNCIAS

Conselho Social e Econômico, Nações Unidas, 1992. Relatório do Trabalho de Grupo na Violência contra a Mulher - Viena - Nações Unidas. >. ACESSADO EM 02/10/2009

MENEZES, T. C.; AMORIM, et al. Violência física doméstica e gestação: resultados de um inquérito no puerpério. Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP) - Mestrado em Saúde Materno-Infantil – Recife/PE. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.25 no.5 Rio de Janeiro June 2003 http://www.scielo.br/scielo. Acessado em 10/10/2009

BANDURA, A. Self-efficacy mechanism in human agency.Amer. Psychol., 37: 122-133.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Manual Secretaria de Atenção à Saúde,Departamento de Ações Programáticas Estratégicas: Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais. Brasília : Ministério da Saúde, 2006.

MEDINA, A.B.C., PENA, L.H.G. A percepção de enfermeiras obstétricas acerca da violência intrafamiliar em mulheres grávidas. Revista & Contexto Enfermagem, Santa Catarina, vol. 17, n. 003, pp. 466-473, jul./set. de 2008. Disponível em: < http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/714/71417309.pdf>. Acesso em 11 de Outubro de 2009.


AUDI, C. A. F. Nem gestantes são poupadas da violência doméstica Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Jornal da Unicamp, 09/10/07. http://www.violenciamulher.org.br/reportagens-artigos-e-outros-textos. Acessado em 10/10/2009

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Conjutive alérgica da criança



Depto. Científico de Alergia e Imunologia da SBP

O que é conjuntivite alérgica?
A alergia é a doença crônica mais comum na infância e na adolescência. Estima-se que cerca de 20% das crianças brasileiras entre 6 e 7 anos apresentam sintomas de conjuntivite alérgica (alergia nos olhos). Os principais sintomas são coceira nos olhos, inchaço das pálpebras e da conjuntiva ocular, sensação de queimação, lacrimejamento, dificuldade e fotofobia (desconforto em manter os olhos abertos em ambientes muito claros). Estes sintomas podem ser persistentes ou intermitentes.
A conjuntivite alérgica provoca vários transtornos no dia a dia da criança e do adolescente. A coceira dos olhos e o lacrimejamento pioram a visão e podem provocar ausências escolares. Há um comprometimento na qualidade de vida, não só da criança, mas também da sua família.
A doença pode ocorrer de forma isolada, mas na maioria dos casos se associa às outras manifestações alérgicas, principalmente quadros de rinite alérgica, que apresenta sintomas como coceira (no nariz, garganta, ouvido e/ou olhos), espirros seguidos ou em salvas, coriza aquosa e nariz entupido.
Porque meu filho tem conjuntivite alérgica?
De maneira semelhante às demais doenças alérgicas, a alergia ocular se desenvolve quando o sistema imunológico está sensibilizado e reage exageradamente a determinados estímulos, chamados alérgenos. Os alérgenos provocadores de conjuntivite alérgica em nosso meio são principalmente os ácaros da poeira domiciliar, fungos, baratas e antígenos do cão e gato. Os alérgenos dos ácaros podem provocar a conjuntivite alérgica durante todo o ano. As conjuntivites alérgicas provocadas por pólens e fungos do ar são raras no Brasil, ocorrendo em alguns locais na região Sul do país. As pessoas sensíveis aos pólens desenvolvem sintomas durante o período de floração.
A fumaça do cigarro, cheiros fortes e a combustão do óleo diesel e da madeira podem provocar irritação nos olhos. Os irritantes tendem a piorar os sintomas da alergia ocular.
Qual o melhor tratamento para conjuntivite alérgica?
A avaliação e o tratamento da conjuntivite alérgica em crianças e adolescentes devem ser realizados pelo alergista pediatra em conjunto com o oftalmologista. Existem quadros de conjuntivite alérgica que se associam com problemas na córnea, provocando situações mais graves.
O tratamento pode ser iniciado pela medicação sintomática para aliviar as crises. É essencial, porém, evitar a doença controlando o ambiente, educando a família sobre a doença e adotando vacinas antialérgicas específicas (imunoterapia).
Para evitar os ácaros da poeira domiciliar é importante limpar a casa com pano úmido, colocar capas impermeáveis em colchões e travesseiros e manter o quarto o mais vazio possível, retirando brinquedos e bichos de pelúcia.
Se seu filho é alérgico a algum animal de estimação, mantenha o bichinho fora de sua casa. Algumas pessoas não querem se desfazer do animal de estimação, porém a conduta correta é mantê-lo fora do quarto, para evitar expor a criança aos alérgenos do animal. Cuidados com a higiene também são importantes. Lave as mãos imediatamente depois de pegar o animal. Remova e lave as roupas após visitar amigos que tenham animais de estimação aos quais a criança é alérgica.
Os testes alérgicos ajudam na identificação dos fatores que desencadeiam a alergia e orientam no tratamento. Existem colírios e medicamentos orais para tratar os sintomas da alergia ocular. O uso de colírios resfriados (mantidos na geladeira) pode reduzir a sensação de coceira nos olhos.
É importante reforçar, no entanto, que quaisquer destas medicações devem ser prescritas pelo médico (alergista pediatra ou oftalmologista). Nunca use medicamento por conta própria ou sem ordem médica.

Andador: perigoso e desnecessário


Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente

Desde 2007, é proibido vender, importar, e mesmo fazer propaganda de andador para bebês no Canadá. Apesar de ainda muito popular no Brasil, para bebês de 6 a 15 meses, o andador não é recomendado pelos pediatras. Os pais alegam alguns motivos para colocar o bebê no andador. Dizem que ele dá mais segurança às crianças (evitando quedas), mais independência (pela maior mobilidade), promove o desenvolvimento (auxiliando no treinamento da marcha), o exercício físico (também pela maior mobilidade), deixam os bebês extremamente faceiros e, sobretudo, mais fáceis de cuidar.
A literatura científica tem colocado por terra todas estas teses. A ideia de que o andador é seguro é a mais errada delas. A pesquisadora sueca, Ingrid Emanuelson publicou uma análise dos casos de traumatismo craniano moderado em crianças menores de quatro anos, que considerou o andador o produto infantil mais perigoso, seguido por equipamentos de playground. A cada ano são realizados cerca de dez atendimentos nos serviços de emergência para cada mil crianças com menos de um ano de idade, provocados por acidentes com o andador. Isto corresponde a pelo menos um caso de traumatismo para cada duas a três crianças que utilizam o andador. Em um terço dos casos, as lesões são graves, geralmente fraturas ou traumas cranianos, necessitando hospitalização. Algumas crianças sofrem queimaduras, intoxicações e afogamentos relacionados diretamente com o uso do andador, mas a grande maioria sofre quedas; dos casos mais graves, cerca de 80% são de quedas de escadas.
É verdade que o andador confere independência à criança. Contudo, um dos maiores fatores de risco para traumas em crianças é dar independência demais numa fase em que ela ainda não tem a mínima noção de perigo. Colocar um bebê de menos de um ano num verdadeiro veículo que pode atingir a velocidade de até 1 m/s equivale a entregar a chave do carro a um menino de dez anos. Crianças até a idade escolar exigem total proteção.
O andador atrasa o desenvolvimento psicomotor da criança, ainda que não muito. Bebês que utilizam andadores levam mais tempo para ficar de pé e caminhar sem apoio. Além disso, engatinham menos e têm escores inferiores nos testes de desenvolvimento.
O exercício físico é muito prejudicado pelo uso do andador, pois, embora ele confira mais mobilidade e velocidade, a criança precisa despender menos energia com ele do que tentando alcançar o que lhe interessa com seus próprios braços e pernas.
Por fim, trata-se de uma grande falácia dizer que a satisfação e o sorriso de um bebê valem qualquer risco. Um bebê de um ano fica radiante com muito menos do que isso: basta sentar na sua frente, fazer caretas para ele e lhe contar histórias ou jogar uma bola.
Dizer que o andador torna a criança mais fácil de cuidar revela preguiça, desinteresse ou falta de disponibilidade do cuidador. Caso o adulto realmente não tenha condições de ficar o tempo todo ao lado do bebê, é mais seguro colocá-lo num cercado com brinquedos do que num andador. Cercá-lo de um ambiente protetor, com dispositivos de segurança, como grades ou redes nas janelas; estas são medidas de proteção passiva, muito mais efetiva. O andador definitivamente não se enquadra neste esquema.
Existe um movimento muito intenso na Europa e nos Estados Unidos visando a implantar uma lei semelhante à canadense, uma vez que todas as estratégias educativas têm falhado na prevenção dos traumatismos por andadores.
Enquanto este progresso não chega ao Brasil, continuamos contando com o bom senso dos pais, no sentido de não expor os bebês a um produto perigoso e absolutamente desnecessário.



Extraído do síte: http://www.conversandocomopediatra.com.br/website/paginas/materias_gerais/materias_gerais.php?id=128&content=detalhe

Para os interessados em informações mais detalhadas sobre o assunto:
• American Academy of Pediatrics. Committee on Injury and Poison Prevention. Injuries associated with infant walkers. Pediatrics. 2001;108:790-2. http://pediatrics.aappublications.org/cgi/content/full/108/3/790.
• Taylor B. Babywalkers. BMJ. 2002;325:612. http://bmj.bmjjournals.com/cgi/content/full/325/7365/612.
• Health Canada. Baby Walkers (Banned) & Stationary Activity Centres. http://www.hc-sc.gc.ca/cps-spc/child-enfant/equip/walk-marche-eng.php

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Células-tronco embrionárias serão testadas em tratamento de retina


05/11/2012
Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Uma terapia baseada em células-tronco embrionárias para degeneração macular relacionada à idade (DMRI) – principal causa de cegueira entre idosos – começará a ser testada em humanos no início de 2013.
O anúncio foi feito pelo cientista britânico Pete Coffey, da University College London, durante o 7º Congresso Brasileiro de Células-Tronco e Terapia Celular, realizado em São Paulo em outubro comapoio da FAPESP.
A pesquisa britânica está sendo conduzida no âmbito do London Project to Cure Blindness, uma parceria entre Coffey e o cirurgião Lyndon da Cruz, do Hospital Moorfields Eye, de Londres.
A técnica, que consiste em aplicar na região afetada da retina uma espécie de curativo contendo células-tronco embrionárias já diferenciadas em células da retina, foi testada com sucesso em ratos, camundongos e porcos.
“Agora, vamos testá-la em dez pacientes. Um grupo pequeno e bem específico no início, pois o objetivo é avaliar a segurança do tratamento”, disse Coffey à Agência FAPESP.
Segundo o pesquisador, a DMRI acomete a região central da retina, conhecida como mácula, onde há grande concentração de fotorreceptores responsáveis pela visão de cores e detalhes. Abaixo dessa camada de fotorreceptores, existe o epitélio pigmentado e, ainda mais abaixo, a membrana de Bruch.
Com o envelhecimento, nos indivíduos predispostos restos celulares começam a formar cristais no fundo do olho conhecidos como drusas, que destroem os fotorreceptores e provocam proliferação anormal de vasos sanguíneos sob a retina. Isso afeta a integridade da mácula e compromete a visão central e a capacidade de distinguir cores.
A doença é comum em pacientes com mais de 55 anos e chega a atingir mais de 25% das pessoas acima de 75 anos. Cerca de 90% dos casos correspondem à forma seca da doença, de evolução lenta e ainda sem tratamento.
Os demais pacientes apresentam a forma úmida, bem mais agressiva e caracterizada por hemorragias que comprometem o tecido da retina. O tratamento atual consiste em aplicação de lasers ou injeção de drogas que inibem a formação de novos vasos sanguíneos na região.
“Nos casos mais graves, a camada intermediária da retina (epitélio pigmentado) se rompe levando à perda de visão nesse ponto. Esses casos são os que pretendemos tratar”, disse Coffey.
Inicialmente, a equipe do projeto inglês desenvolveu uma técnica cirúrgica que consistia em retirar células saudáveis do epitélio pigmentado do próprio paciente e transplantá-las para a região afetada. “Tivemos bons resultados, mas a cirurgia é demorada, pode durar até três horas, o que aumenta muito os riscos”, disse Coffey.
Para diminuir o tempo e o risco da operação – e poder beneficiar pacientes com estágios menos avançados da doença –, os cientistas tiveram a ideia de aplicar na camada intermediária da retina uma membrana previamente preparada em laboratório contendo células de epitélio pigmentado obtidas a partir de células-tronco embrionárias humanas.
“Nos testes em animais não registramos formação de tumores, pois o processo de diferenciação celular ocorre em laboratório. Se a terapia também se mostrar segura em humanos e se conseguirmos manter uma boa visão em três ou quatro dos dez primeiros pacientes, os testes clínicos serão considerados bem-sucedidos”, disse Coffey.