quarta-feira, 6 de março de 2013

Caso clínico I

Queridos amigos vamos quebrar a cabeça com o caso clínico que preparei para vocês?

Prestem atenção aos detalhes e tentem dizer qual o provável diagnóstico médico, quais os diagnósticos de enfermagem e prescrição de enfermagem.


Vamos lá?!



1. HISTÓRICO


06/03/2013 ás 07:30 hrs.- Sexo masculino, 67 anos, ensino fundamental concluído, católico praticante, aposentado há 10 anos por vigilante de escola, viúvo, possui 3 filhos, mora no quintal da filha em edícula do tipo de alvenaria com saneamento básico, sendo cuidado pela a mesma, residente natural de São Paulo, refere ser ex-etilista há 10 anos, nega ser tabagista e ex-tabagista, refere não saber o seu fator RH e se possui algum tipo de alergia, hipertenso há 27 anos, diabético do tipo 2 há 10 anos, desconhece quanto a histórico de doenças crônicas e câncer em parentes diretos, relata fazer uso de medicamentos em casa, 40 un. de insulina, 1x/d., pela manhã, referindo não saber quanto o tipo de insulina ao seu tempo de ação; Captropil e atenolol 2x/d, manhã e tarde, desconhece a quantidade em mg. dos medicamentos orais. A alimentação é composta por 5 refeições ao longo dia, café da manhã às 10:00 hrs composto por café com leite e bolacha, antes do almoço alimenta-se de duas frutas: banana e laranja, almoça ás 12:00, arroz, feijão, salada no almoço frequentemente e relata que geralmente a mistura é variada durante a semana, relatando ainda que de vez em quando por volta das 14:30 come pão e toma café com leite; às 16:00 hrs alimenta-se de  frutas, às 18:30 janta, e ás 20:00 hrs., dorme. Em janeiro desse ano foi submetido a uma consulta com urologista onde foi constatado câncer de próstata, após exames complementares, ficou internado por 93 d., no hospital, durante a internação refere que foi submetido a hemodiálise 3x/ semanais, após esse tempo recebeu alta e retornou ao hospital novamente após 30 d. para realização de prostatectomia. Relata que desde então “sente dor ao urinar”, e que há aproximadamente dois meses realiza idas hospitalar para observação de quadros de hipoglicemia. A procura a este hospital segundo o paciente foi por decorrência de perda de consciência em casa, sendo trazido pela filha. No momento auxiliar de enfermagem do setor PS relata dextro de 250 mg/dl.



2. EXAME FÍSICO

Encontra-se sentado em leito semi-fowler, consciente, orientado em tempo e espaço, com gasglow 15, relato verbal de “tontura” e, dor moderada, 4-5 na escala visual analógica, comunicativo, colaborativo. Cabeça ereta e em perfeito equilíbrio sem lesões, galos ou sulcos. Couro cabeludo íntegro, cabelos grisalhos e secos. Face simétrica, mucosas oculares e orais coradas e hidratadas, escleróticas de coloração normal, pupilas isocóricas, fotorreagentes e medindo 3 mm., acuidade visual preservada, pares de nervos cranianos com atividades normais (oculomotor, troclear, abducente), narinas desobstruídas sem desvio de septo, sensação dolorosa e lesões, lábios íntegros corados e hidratados, arcada dentária superior e inferior preservada e sem presença de cáries, região sublingual e lingual sem presença de saburra e halitose, orelhas simétricas e alinhadas,  pavilhão auditivo externo com grande quantidade de cerúmem,  relato verbal de zumbido, gânglios inframandibulares e mentuais não infartados. Pescoço com gânglios ant. e post. não infartados,  traquéia móvel e alinhada medialmente, traquéia não palpável. Toráx simétrico, sem presença de abaulamentos e cicatrizes, com expansibilidade torácica simétrica, murmúrios vesiculares em hemitórax sem presença de ruídos adventícios, eupnéico (FR= 19 mr/m). A ausculta cardíaca, BRNF em 2 T’ sem sopros audíveis, normotenso e normocárdico, PA em artéria braquial no braço direto = 120x80 mmHg, PA em artéria braquial no braço esquerdo (130x80 mmHg), pulso apical com 72 bpm à ausculta, pulso braquial e radial cheios e rítmicos com 70 b/m, pulsos poplíteos  cheios e rítmicos com 64 b/m, artérias carótidas normo rítmicas sem presença de ruídos audíveis. Abdome arrendodado sem presença de cicatrizes, RHA positivos e normais em todos os quadrantes, timpânico a percussão, indolor a palpação, sinal de Jordano negativo. MMSS com extremidades frias, acesso venoso periférico com cateter sobre agulha n. 20 em face anterior da região média do antebraço esquerdo, com infusão de soro glicosado a 5%, sem presença de sinais flogísticos, afebril (T axilar= 37,0° C), gânglios axilares não infartados. MM sem presença de edema, sinal de godet negativo, turgor preservado, preenchimento capilar lento em MMSS = 4,  seg., em MMII= 2 seg. Eliminação urinária espontânea presente, intestinal presente. Enf. Fernanda.



sexta-feira, 1 de março de 2013

TALASSEMIA


poR dOUTOR DRAUZIO vARELLA
Talassemia, também conhecida como anemia do Mediterrâneo, é uma doença hereditária trazida para o Brasil pelos habitantes dos países banhados pelo mar Mediterrâneo (portugueses, espanhóis, italianos, gregos, egípcios, libaneses). Sua principal característica é a produção anômala de hemoglobina, uma proteína do sangue responsável pelo transporte de oxigênio para todos os tecidos do organismo.
Existem dois tipos de talassemia – alpha e beta – que podem manifestar-se nas seguintes formas: minor, intermediária e major. A forma minor, ou traço talassêmico, produz um grau de anemia leve, assintomático e que pode passar totalmente despercebido. Na forma intermediária, a deficiência da síntese de hemoglobina é moderada e as consequências menos graves. Já a talassemia major, ou anemia de Cooley, é uma forma grave da doença, causada pela transmissão de dois genes defeituosos, um do pai e outro da mãe. Isso provoca anemia profunda e outras alterações orgânicas importantes, como o aumento do baço, atraso no crescimento e problemas nos ossos.
Sintomas
Os sintomas estão diretamente relacionados com a gravidade da doença. Os mais comuns são:
* Cansaço e fraqueza;
* Palidez e icterícia;
* Atraso no crescimento;
* Abdômen desenvolvido;
* Aumento do baço;
* Alterações ósseas.
Diagnóstico
Para estabelecer o diagnóstico, é importante levantar a história clinica e obter informações sobre a origem étnica do paciente. Exames de laboratório, entre eles a eletroforese de hemoglobina quantitativa e qualitativa, são importantes para determinar o tipo da doença.
Tratamento
A talassemia minor não demanda tratamento específico. Em certas circunstâncias (na gravidez, por exemplo), a suplementação com acido fólico pode trazer benefícios para os portadores da doença.
A talassemia intermediária pode requerer a indicação de transfusões de sangue com a finalidade de aumentar a oferta de glóbulos vermelhos.
Portador de talassemia major necessita de transfusões de sangue regulares e de medicamentos para retirar o excesso de ferro que se acumula em determinados órgãos (terapia quelante do ferro). O transplante de medula óssea também pode constituir uma solução terapêutica nesses casos.
Recomendações
* Ainda não se conhece a cura para a talassemia, mas há opções de tratamento que tornam possível controlar a doença;
* O aconselhamento genético para os portadores dos genes alterados da talassemia é a única forma de os pais estimarem o risco de gerar um filho com a doença;
* Quanto mais cedo for detectado o problema e iniciado o tratamento, maiores serão as chances de a criança com talassemia major chegar à vida adulta.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Cientista brasileiro conecta cérebros de ratos em continentes diferente


A façanha abre a perspectiva de conectar os cérebros entre os animais para criar um "computador biológico. Foto: AFP

A façanha abre a perspectiva de conectar os cérebros entre os animais para criar um “computador biológico. Foto: AFP

PARIS (AFP) – Ao criar o que foi descrito como um “supercérebro” de mentes conectadas, o cientista paulista Miguel Nicolelis afirmou nesta quinta-feira 28 que conseguiu fazer com que um rato ajudasse outro companheiro roedor, embora os animais estivessem em continentes diferentes, conectados através de eletrodos cerebrais.
Com eletrodos instalados em seu córtex, um rato em um instituto de pesquisa da cidade de Natal enviou sinais via internet para outro roedor de um laboratório de uma universidade em Durham, na Carolina do Norte, ajudando o segundo animal a obter uma recompensa. A façanha abre a perspectiva de conectar os cérebros entre os animais para criar um “computador biológico”, afirmou o neurobiólogo. Isso também é uma ferramenta na missão de capacitar pacientes que sofrem de paralisia ou de síndrome de encarceramento, explicou. “Estabelecemos uma ligação funcional entre dois cérebros. Criamos um supercérebro que compreende dois cérebros”, disse Nicolelis em entrevista por telefone à AFP.
Com sua pesquisa publicada na revista Scientific Reports, a equipe de Nicolelis forneceu um treinamento básico para ratos com sede, que precisaram reconhecer luzes e operar uma alavanca para receber uma recompensa de água. Eles, então, implantaram eletrodos ultrafinos nos cérebros dos ratos, que estavam ligados por um cabo a um computador. Em um tanque de vidro em Natal, o primeiro rato foi o “codificador”, e seu cérebro enviava um fluxo de impulsos elétricos conforme ele descobria os truques para obter a recompensa.
Os impulsos foram enviados em tempo real para o córtex do segundo rato, o “decodificador”, que estava diante da mesma situação em um tanque na Carolina do Norte. Com estas sugestões de seu camarada, o rato decodificador descobriu rapidamente como obter a recompensa. “Os dois animais colaboraram para resolver uma tarefa juntos”, ressaltou o pesquisador.
O que o segundo rato recebeu não foram pensamentos, nem mesmo imagens, disse Nicolelis. Quando o rato codificador conseguiu cumprir várias tarefas, os picos dos sinais em seu cérebro foram transcritos para um padrão intrigante de sinais eletrônicos, que foram recebidos pelo rato decodificador.
Depois que o rato descobriu a utilidade destes padrões, eles se incorporaram ao seu processamento visual e tátil. “O segundo rato aprende a reconhecer um padrão, um padrão estatístico, que descreve uma decisão tomada pelo primeiro rato. Ele está criando uma associação daquele padrão com uma decisão”, explicou o pesquisador brasileiro. “Ele pode estar sentindo um pequeno estímulo tátil, mas é algo que não sabemos como descrever porque não podemos questionar a cobaia”.
“A ligação sugere que poderíamos criar uma rede cerebral, formada de cérebros juntos, todos interagindo”, afirmou o cientista, apressando-se em ressaltar que este será um experimento que será conduzido apenas em animais de laboratório, e não em seres humanos. “Se você conectar cérebros de vários animais, cérebros de ratos ou cérebros de primatas, você provavelmente poderia criar um computador biológico que é uma máquina não-Turing, uma máquina que não trabalhe de acordo com o projeto de Turing de todos os computadores digitais que conhecemos. Seria heurístico, não usaria um algoritmo e utilizaria um processo decisório probabilístico baseado em um hardware biológico”.
Ainda não está claro como o animal decodificador incorpora os sinais do codificador em seu espaço mental, um fenômeno conhecido como plasticidade cortical. “Nós basicamente mostramos que o animal decodificador pode incorporar outro corpo como extensão do mapa que o animal tem em sua próprio cérebro”, disse Nicolelis, acrescentando, no entanto: “Nós não sabemos como isso é feito”.
Nicolelis desenvolve pesquisas na Universidade de Duke, em Durham, e no Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, ou IINN-ELS. Uma década atrás, ele se destacou ao realizar um trabalho pioneiro ao fazer com que macacos de laboratório movimentassem um braço robótico através de impulsos cerebrais. Sua mais recente pesquisa deve contribuir para isso, afirmou: “Estamos aprendendo maneiras de interagir e enviar mensagens para o cérebro dos mamíferos que serão fundamentais para os nossos objetivos de reabilitação médica”.
Seu próximo objetivo é fazer com que um paciente paraplégico dê o pontapé inicial oficial da Copa do Mundo de futebol de 2014 no Brasil através de uma interface cérebro-máquina para ativar um membro artificial.
Leia mais em AFP

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Acidentes domésticos com crianças



Por Fernanda Sanchez

INTRODUÇÃO

Os acidentes na infância e adolescência constituem um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, em especial nas crianças maiores de cinco anos de idade.
O acidente doméstico tem se revelado como uma das principais causas dos atendimentos, internações, incapacidades e óbitos em crianças, nos vários países e tem contribuído, de forma considerável, para manter elevada a taxa de morbi-mortalidade infantil (CORDERO ABAD et. al., 1989; SCHVARTSMAN, 1987; SANTOS, 1988; JONES, 1993).
A partir de cinco anos de idade, os acidentes constituem a principal causa de mortalidade na criança. Esses acidentes estão diretamente relacionados as faixas etárias e fases de desenvolvimento. O ambiente doméstico é o principal local onde são gerados esses agravos, enquanto que na adolescência, o espaço extra-domiciliar tem um papel fundamental. Tais acidentes são passíveis de prevenção por intermédio da orientação familiar, de alterações físicas do espaço domiciliar e da elaboração e ou cumprimento de leis específicas.
Além disso, esses acidentes causam um sofrimento muito grande as famílias e um custo econômico muito alto ao sistema de saúde, principalmente nos casos em que deixam seqüelas e invalidez na criança. Em 2005, no Brasil, do total de óbitos entre a população etária entre menor de um ano a 19 anos, 21.040 mortes foram causadas por acidentes e violência. Dessas, 1762 (8,4%) ocorreram na região Norte, 5437 (25,8%) na Região Nordeste, 8783 (41,7%) na região Sudeste, 3229 (15,3%) na região Sul e 1984 (9,4%) na região Centro-Oeste.
A partir de cinco anos de idade, ocorre uma modificação no perfil epidemiológico da morbimortalidade infantil quando os acidentes constituem a principal causa de mortalidade na criança, ao invés das doenças perinatais, infecciosas e parasitárias.
Devido à importância desse problema, o Ministério de Saúde adotou em 2001 a “Política Nacional de Redução de Mortalidade por Acidentes e Violência” baseada nas seguintes diretrizes: promoção da adoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis, monitorização da ocorrência de acidentes e de violências, sistematização, ampliação e consolidação do atendimento pré-hospitalar, assistência interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e de violências, estruturação e consolidação do atendimento voltado à recuperação e à reabilitação, capacitação de recursos humanos e apoio ao desenvolvimento de 8 estudos e pesquisas.
Quedas, queimaduras e intoxicações acidentais também são os maiores responsáveis pelas internações entre jovens entre 10 e 14 anos, com 38% dos atendimentos.
Entre as principais causas externas de morte infantil os afogamentos ocupam o primeiro lugar, com 27,6% dos casos, seguidos por atropelamentos (25,7%), outros acidentes de transportes (18,5%) e sufocamentos acidentais (16,8%).
Quando o assunto são as internações, os pais devem tomar cuidado com as quedas, responsáveis por 74,6% das ocorrências. Em segundo lugar na lista de preocupações estão os atropelamentos, com 8,4% dos casos, seguidos pelas queimaduras, que levaram 5,7% das crianças e adolescentes ao hospital.
As crianças freqüentemente estão expostas às situações de risco, seja pela inadequação do ambiente ou por desinformação e negligência dos pais ou responsáveis. Desta forma no atendimento da criança e baseado na escala de desenvolvimento deve-se antecipar precocemente com os pais ou responsáveis algumas etapas deste processo fazendo a correlação direta com as possíveis situações de risco, inerentes a cada faixa etária, visando criar um ambiente seguro no qual a criança possa explorar e desenvolver suas habilidades, sem que isto a coloque em situação de perigo.
Não podemos deixar de enfatizar que o cuidado de saúde no sentido amplo visa a uma harmonia do ser humano com o seu micro e macroambiente, proporcionando relações de bem-estar e crescimento saudável. Os fatores de risco presentes no ambiente doméstico podem comprometer o desenvolvimento da criança, contribuindo para desencadear diversos tipos de acidentes que, em determinados casos, podem originar graves lesões e seqüelas irreversíveis (SOUZA, 1997).
Acredita-se que a prevenção vai além da ótica epidemiológica, pois nesta pode deixar de se considerar comportamentos, subjetividades e necessidades individuais, familiares e sociais. Neste contexto há de se levar em conta a diversidade dos modos de vida, a variabilidade dos fatores envolvidos e a importância dada à saúde pelos atores. Compartilhar saberes com famílias e profissionais da saúde permite ir além da identificação das responsabilidades pelo acidente, busca-se incorporar formas educativas em saúde, sensatas e participativas e não coercivas ou punitivas. Desta forma, o pensar e o fazer prevenção de acidentes domésticos com foco centrado na família é uma prática educativa, e ao mesmo tempo, uma prática de cuidado transformadora em saúde.
Prevenir esses acidentes torna-se um desafio para os órgãos e profissionais que estão envolvidos no acompanhamento do crescer e desenvolver das crianças, existindo a necessidade urgente de orientação educacional para a população e comunidade específicas como as escolas, grupos formais e informais na faixa infanto-juvenil, visando a despertar mudanças comportamentais, que possam contribuir para uma redução dos acidentes.

Quadro 1. Tipos de acidentes, conforme fases de desenvolvimento


Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria. Segurança da Criança e do Adolescente. Belo Horizonte - MG, 2003, modificado




Quadro 2. Medidas de prevenção, conforme tipos de acidentes



Referências:

HOCKENBERRY, M.J. Wong fundamentos de enfermagem pediátrica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p.11-87
CIAMPO, Luiz Antonio Del. Prevalência de Acidentes na Infância e Adolescência. Rev. Paul Pediatria, Vol 21, n. 04, dezembro 2003.
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v8n1/12438.pdf (Acesso em 15/02/2009);
http://portal.saude.sp.gov.br/cont.mmp (Acesso em 15/02/2009);
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/57cbe/resumos/1870.htm
(Acesso em 16/02/2009);






quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Choque Distributivo

O choque distributivo é uma variação do choque circulatório e acomete, em especial pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI's), sendo um dos principais fatores contribuintes para as altas taxas de mortalidade hospitalar, mesmo com os avanços na compreensão da fisiopatologia do choque e da terapêutica aplicada (MARSON et al., 1998).
Essa alteração fisiológica é caracterizada por inadequação entre a demanda tecidual e a oferta de oxigênio ocasionada por uma alteração na correta distribuição de nutrientes através do fluxo sanguíneo. Assim, temos tecidos com fluxo sanguíneo elevado em relação à necessidade e outros com fluxo sanguíneo suficiente em termos numéricos, mas deficiente para atender às necessidades metabólicas do organismo (SIQUEIRA, SCHMIDT, 2003).
Uma das causas desencadeadoras pode advir de fatores neurológicos, como trauma raquimedular, uso de drogas vasodilatadoras, anafilaxia e doenças endócrinas. A vasodilatação ocasiona diminuição da resistência vascular periférica (RVP), que por sua vez ocasiona uma diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco. Como mecanismo de compensação para esse estado hemodinâmico, ocorre aumento da contratilidade e da frequência cardíaca (MARSON et al., 1998).
Segundo Neto (2011) a fisiologia cardíaca normal é composta por três fatores principais:
Pré-carga
Volume ventricular no final da diástole. A elevação da pré-carga leva ao aumento do volume de ejeção. A pré-carga depende principalmente do retorno do sangue venoso corporal. Por sua vez, o retorno venoso é influenciado por alterações da postura, pressão intratorácica, volume sanguíneo e do equilíbrio entre a constrição e dilatação (tônus) no sistema venoso.
Pós-carga
Resistência à ejeção (propulsão) ventricular ocasionada pela resistência ao fluxo sanguíneo na saída do ventrículo. Ela é determinada principalmente pela resistência vascular sistêmica.
Contratilidade
Representa a capacidade de contração do miocárdio na ausência de quaisquer alterações na pré-carga ou pós-carga. Em outras palavras, é a “potência” do músculo cardíaco.
Em casos de choque distributivo, há alteração de um ou mais fatores. Veja abaixo uma estrutura que faz menção ao sistema cardiovascular:

Figura 1 – Sistema cardiovascular
Fonte: NETO, 2011.
O equilíbrio entre os três mecanismos fisiológicos do coração proporcionam ao organismo a regulação da circulação sistêmica, mantendo em níveis adequados o suprimento sanguíneo para órgãos e tecidos do corpo.
As veias promovem o retorno do sangue, a partir dos leitos capilares, até o coração e contém cerca de 70% do volume sanguíneo circulante, contrastando com os 15% representados pelo sistema arterial (NETO, 2011). Portanto, a diminuição da resistência vascular sistêmica (RVS) influenciará negativamente na resistência vascular periférica (RVP) fazendo com que as veias sofram vasodilatação exacerbada reduzindo assim, o retorno venoso e consequentemente alterando significativamente o débito cardíaco (DC).
O diagnóstico do tipo de choque circulatório pode ser baseado na determinação de variáveis hemodinâmicas através da monitorização hemodinâmica invasiva, com o uso do cateter de Swan-Ganz (SIQUEIRA, SCHMIDT, 2003).

Fonte: Adaptado de Siqueira BG & Schmidt, 2003.
O papel do enfermeiro na promoção constante de educação continuada à equipe de enfermagem é essencial para se trabalhar adequadamente com a manutenção e o controle hemodinâmico do paciente, proporcionando ao profissional maior segurança na identificação de alterações que o paciente pode apresentar à beira do leito hospitalar.
Profissional, este distúrbio hemodinâmico pode ser muito perigoso e colocar à vida do paciente em risco. O diagnóstico precoce é determinante na sobrevida do enfermo e na redução das taxas de mortalidades em UTI's. Trabalhemos em conjunto para minimizar esses riscos!
Texto escrito pelo Monitor do Programa Proficiência Júlio Eduvirgem
REFERÊNCIAS
MARSON F. et al. A Síndrome do Choque Circulatório. Simpósio: Medicina Intensiva: I Infecção e Choque. p. 369-379, jul.- set.. Ribeirão Preto, 1998. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/1998/vol31n3/a_sindrome_choque_circulatorio.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2012
NETO, Á R. Fisiologia Cardiovascular. LIGAMI. p. 38. Disponível em: <http://www.cepeti.com.br/bibliografia_LIGAMI2011.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2012
SIQUEIRA, B. G., SCHMIDT. Choque Circulatório: definição, classificação, diagnóstico e tratamento. Simpósio: Urgências e Emergências Cardiológicas. p. 145-150, abr.- dez.. Ribeirão Preto, 2003 Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2003/36n2e4/1_choque_circulatorio.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2012.
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Atuação da enfermagem frente ao procedimento de cateterismo umbilicalSex, 30 de Novembro de 2012 19:08Olá caro colega. Nesse blog vamos discutir sobre o cateterismo umbilical em recém-natos, procedimento que é realizado para obtenção de acesso central venoso ou arterial, através do coto umbilical.
Em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, o cateterismo umbilical é um procedimento comum e essencial no cuidado ao recém-nascido pré-termo, principalmente naqueles que necessitam de infusão contínua e possuem dificuldade para punção de acesso vascular. Além disso, contribui para a estabilização e manutenção de nutrição adequada (COREN, 2011).
Trata-se de um procedimento invasivo que possui diversas finalidades, tais como: infusão de líquidos, monitorização de pressão arterial invasiva, gasometria arterial, intervenção cardíaca, infusão de drogas e trocas sanguíneas (COREN, 2011; BRASIL, 2011). É importante lembrar que o cateterismo umbilical constitui uma escolha em casos emergenciais, não devendo ser escolhido para acesso de rotina, por decorrência das complicações da utilização dessa via.
Você sabia que no ano de 2011 foi legalizada a realização de cateterismo umbilical como prática privativa do Enfermeiro? Para conhecer mais sobre essa legislação você pode ler a Resolução COFEN n. 388/2011 e também o Parecer COFEN. n. 9/2011. Essas afirmam que a ação de alta complexidade deve ser realizada pelo Enfermeiro, o qual deve estar capacitado para desenvolver tal técnica (COFEN, 2011).
É importante ressaltar que em decorrência da sensibilidade da pele antes do procedimento em prematuros extremos, a antissepsia deve ser feita com solução aquosa de Clorexidina, ou a aplicação de água destilada após o uso da Clorexina alcóolica. Pois, isso reduz os riscos de queimaduras químicas (BRASIL, 2011).
Segundo a Anvisa - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (2010), após realizada a sutura do cateter no coto umbilical, a fixação deve ser realizada por meio da técnica da "ponte", de acordo com a figura abaixo:

Figura 1 – Fixação do cateterismo umbilical.
Fonte: ANVISA, 2010.
Conforme vimos anteriormente, esse procedimento deve ser realizado criteriosamente, em caso de extrema necessidade.
Os cateteres umbilicais arteriais devem ser mantidos por no máximo cinco dias e os venosos podem permanecer por até quatorze dias (BRASIL, 2010).
Isto se dá pelo risco de complicações possíveis do procedimento, as quais podem estar relacionadas ao posicionamento do cateter, como alteração na perfusão dos membros inferiores, acidentes vasculares decorrentes de tromboembolismo, vasoespasmo, hipertensão arterial, decorrentes de acidentes com o cateter, como a quebra ou desconexão acidental, e complicações relacionados às infecções (COREN, 2011; BRASIL, 2010).
Você percebeu como o cateterismo umbilical deve ter atenção especial da equipe de enfermagem? Sendo assim, verifique as ações da equipe de enfermagem que são relevantes para manutenção e cuidado a esse procedimento:
• Verificar rigorosamente a perfusão, pulso e temperatura de membros inferiores;
• Manter o cateter e a torneirinha livre de sangue evitando a formação de coágulos e proliferação de microrganismos. Caso haja um coágulo o mesmo deve ser retirado por aspiração e nunca injetando o líquido;
• Registrar todas as infusões ou retirada de líquido do cateter;
• Realizar o manuseio das conexões com técnicas assépticas, promovendo a desinfecção com gaze e álcool etílico, sempre utilizando luvas;
• Não infundir hemocomponentes e drogas vasoativas no cateter arterial (UNIFESP, 2011).
Dessa forma, caro colega, destacamos o quão importante é sua atuação de forma consciente e cuidadosa frente a esse procedimento que é tão delicado. Você já cuidou de um recém-nascido com cateterismo umbilical? Conhece alguma situação ou complicação desse procedimento? Compartilhe conosco suas experiências e opiniões.
Texto escrito pelos monitores do Programa Proficiência: Diego Nardoto, Elisa de Fátima Borella e Vanessa Evelyn de Mello.
Referências
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Pareceres COFEN: n. 9/2011/COFEN/CTNL. Possibilidade do enfermeiro realizar cateterismo umbilical em recém-nascido. Brasília, 2011. Disponível em: <http://coren-df.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1215:no-0092011cofenctnl-possibilidade-do-enfermeiro-realizar-cateterismo-umbilical-em-recem-nascido&catid=80:pareceres-cofen&Itemid=73>. Acesso em: 22 nov. 2012.
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Nº 388/2011. Normatiza a execução, pelo enfermeiro, do acesso venoso, via cateterismo umbilical. Brasília, 2011. Disponível em: <http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-n-3882011_8021.html>. Acesso em 22 nov. 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde.. Brasília, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_recem_nascido_%20guia_profissionais_saude_v2.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2012.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA. Orientações para Prevenção de Infecção Primária de Corrente Sanguínea. 2010. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ef02c3004a04c83ca0fda9aa19e2217c/manual+Final+preven%C3%A7%C3%A3o+de+infec%C3%A7%C3%A3o+da+corrente.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 22 nov. 2012.
UNIFESP. Universidade Federal de São Paulo. Intervenções de enfermagem no procedimento de cateterismo umbilical. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.unifesp.br/hsp/testealfa/arquivos/hsp/assist/espec/pediatria/intervencoes%20de%20enf%20proc%20de%20cat%20umb.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2012.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Eclâmpsia uma das complicações da SHG


A Síndrome Hipertensiva da Gestação (SHG) abrange os casos de hipertensão durante a gravidez e é uma complicação que atinge entre 6% e 30% das gestantes no mundo. É a principal causa de mortalidade materna no Brasil e a terceira em nível mundial, se desenvolvendo devido a alterações fisiológicas pouco eficientes durante a gravidez e podendo levar a inúmeras intercorrências gestacionais. Recentemente, estudos mostraram que alguns nutrientes auxiliam na prevenção. Por isso, atenção para algumas dicas importantes:
  • ENERGIA: O excesso de peso aumenta a inflamação do organismo, facilitando a hipertensão, e pode aumentar entre três e sete vezes o risco de pré-eclampsia. Apesar disso, o ganho de peso gestacional deve permanecer de forma saudável, pois emagrecer não é recomendado. Ganho superior a três kg/mês após a 20ª semana pode relacionar-se a edema e deve ser acompanhado.
  • PROTEÍNAS: A albumina é a proteína mais abundante no sangue e uma de suas funções é equilibrar a quantidade de líquidos dentro e fora dos tecidos. Na SHG, a sua perda por meio da urina faz com que a albumina diminua ainda mais do que o normal na gestação saudável, levando ao desequilíbrio entre os líquidos e ao edema. Não há comprovação científica do benefício de dieta hiperproteica, porém a ingestão adequada de proteínas é imprescindível. Para isso, vale incluir fontes proteicas (carnes magras, ovos, leguminosas, leite e derivados) em todas as refeições. A recomendação diária para gestantes equivale a aproximadamente 1 bife médio (120g) + 1 concha de feijão + 1 filé de pescada (100g) + 1 copo (200ml) de leite + 1 fatia grossa de queijo branco.
  • GORDURAS: O ômega 3 auxilia na redução dos tromboxanos, que aumentam a pressão nos vasos capilares, a formação de trombos e reduzem o fluxo sanguíneo na placenta. Procure utilizar óleos vegetais de canola ou girassol nas preparações, azeite nos temperos, consumir, 2 a 3 porções de peixes/semana e reduza as gorduras animais, industrializadas e frituras.
  • FIBRAS: As dietas ricas em fibras ajudam a reduzir a pressão arterial, entre outros benefícios. Estudos mostram que gestantes com maior ingestão de fibras apresentaram menor risco de desenvolver SHG. Por isso, consuma frutas, verduras e legumes crus e cereais integrais o máximo possível!
  • CÁLCIO: A baixa ingestão de cálcio pode desencadear alterações hormonais que aumentam a pressão nos vasos sanguíneos, e o consumo adequado reduz o risco de complicações da SHG. Casos especiais podem requerer suplementação, porém procure garantir o consumo diário equivalente a 2 copos (200ml) de leite + 1 copo (180g) de iogurte + 1 fatia grossa de queijo branco.
  • SÓDIO: Restringir o sal durante a gestação com SHG não traz benefícios porque o edema se dá pela redução protéica sérica, e não pelo excesso de sódio. Em casos de gestantes com hipertensão prévia à gestação, recomenda-se dieta hipossódica. Nos demais casos, a dica é apenas para alimentação saudável, com menor consumo de alimentos embutidos, processados e industrializados, sem sal em excesso.
  • ANTIOXIDANTES: Na SHG ocorre redução dos agentes antioxidantes do organismo, favorecendo ainda mais a hipertensão, e existe forte relação entre o aumento no consumo de alimentos ricos em carotenóides/vitamina A, vitamina E e C e menor risco de SHG. Em algumas pesquisas, gestantes com baixos níveis destes antioxidantes tinham risco até 9,8 vezes maior de SHG. Procure incluir na dieta os vegetais verde-escuros, alimentos avermelhados e alaranjados, frutas cítricas, oleaginosas (castanhas e amêndoas) e óleos vegetais (azeite, linhaça, macadâmia, etc), além de ovos e carnes magras, leite e derivados.
Procure sempre o auxílio dos profissionais médico e nutricionista.
Autor: Rachel Helena Vieira Machado, nutricionista clínica Einstein

* Lembrando que:
 Gravidez pressupõe o crescimento de um ser geneticamente diferente dentro do útero da mulher, uma vez que herdou metade dos genes do pai. Ela não rejeita esse corpo estranho, porque desenvolve mecanismos imunológicos para proteger o feto. Em alguns casos, porém, ele libera proteínas na circulação materna, que provocam uma resposta imunológica da gestante, que agride as paredes dos vasos sanguíneos, causando vasoconstrição e aumento da pressão arterial.
A hipertensão arterial específica da gravidez recebe o nome de pré-eclâmpsia e, em geral, instala-se a partir da 20ª semana, especialmente no 3° trimestre.
A pré-eclâmpsia pode evoluir para a eclâmpsia, uma forma grave da doença, que põe em risco a vida da mãe e do feto.
As causas dessas enfermidades ainda não foram bem estabelecidas. O que se sabe é que estão associadas à hipertensão arterial, que pode ser crônica ou especifica da gravidez.
Sintomas
a) Sintomas da pré-eclâmpsia (que também pode ser assintomática): hipertensão arterial, edema (inchaço), principalmente nos membros inferiores, que pode surgir antes da elevação da pressão arterial, aumento exagerado do peso corpóreo e
proteinúria, isto é, perda de proteína pela urina.
b) Sintomas característicos da eclâmpsia: convulsão (às vezes precedida por dor de cabeça, de estômago e perturbações visuais), sangramento vaginal e coma.
Diagnóstico e fatores de risco
O diagnóstico é estabelecido com base nos níveis elevados da pressão arterial, na história clínica, nos sintomas da paciente e nos resultados de exames laboratoriais de sangue e de urina.
São fatores de risco:
1) hipertensão arterial sistêmica crônica;
2) primeira gestação;
3) diabetes;
4) lúpus;
5) obesidade;
6) histórico familiar ou pessoal das doenças supra-citadas;
7) gravidez depois dos 35 anos e antes dos 18 anos;
8) gestação gemelar.
Tratamento e prevenção
A única maneira de controlar a pré-eclâmpsia e evitar que evolua para eclâmpsia é o acompanhamento pré-natal criterioso e sistemático da gestação.
Pacientes com pré-eclâmpsia leve devem fazer repouso, medir com frequência a pressão arterial e adotar uma dieta com pouco sal.
Medicamentos anti-hipertensivos e anticonvulsivantes são indicados para o controle dos quadros mais graves, que podem exigir a antecipação do parto. A doença regride espontaneamente com a retirada da placenta.
Recomendações
* Vá ao ginecologista antes de engravidar para avaliação clínica e início da administração de ácido fólico;
* Compareça a todas as consultas previstas no pré-natal e siga rigorosamente as recomendações médicas durante a gestação;
* Lembre que a hipertensão é uma doença insidiosa, que pode ser assintomática. Qualquer descuido e a ausência de sintomas podem fazer com que uma forma leve de pré-eclâmpsia evolua com complicações;
* Faça exercícios físicos compatíveis com a fase da gestação e suas condições orgânicas no momento;
* Reduza a quantidade de sal nas refeições, não fume e suspenda a ingestão de álcool durante a gravidez.