quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Eclâmpsia uma das complicações da SHG


A Síndrome Hipertensiva da Gestação (SHG) abrange os casos de hipertensão durante a gravidez e é uma complicação que atinge entre 6% e 30% das gestantes no mundo. É a principal causa de mortalidade materna no Brasil e a terceira em nível mundial, se desenvolvendo devido a alterações fisiológicas pouco eficientes durante a gravidez e podendo levar a inúmeras intercorrências gestacionais. Recentemente, estudos mostraram que alguns nutrientes auxiliam na prevenção. Por isso, atenção para algumas dicas importantes:
  • ENERGIA: O excesso de peso aumenta a inflamação do organismo, facilitando a hipertensão, e pode aumentar entre três e sete vezes o risco de pré-eclampsia. Apesar disso, o ganho de peso gestacional deve permanecer de forma saudável, pois emagrecer não é recomendado. Ganho superior a três kg/mês após a 20ª semana pode relacionar-se a edema e deve ser acompanhado.
  • PROTEÍNAS: A albumina é a proteína mais abundante no sangue e uma de suas funções é equilibrar a quantidade de líquidos dentro e fora dos tecidos. Na SHG, a sua perda por meio da urina faz com que a albumina diminua ainda mais do que o normal na gestação saudável, levando ao desequilíbrio entre os líquidos e ao edema. Não há comprovação científica do benefício de dieta hiperproteica, porém a ingestão adequada de proteínas é imprescindível. Para isso, vale incluir fontes proteicas (carnes magras, ovos, leguminosas, leite e derivados) em todas as refeições. A recomendação diária para gestantes equivale a aproximadamente 1 bife médio (120g) + 1 concha de feijão + 1 filé de pescada (100g) + 1 copo (200ml) de leite + 1 fatia grossa de queijo branco.
  • GORDURAS: O ômega 3 auxilia na redução dos tromboxanos, que aumentam a pressão nos vasos capilares, a formação de trombos e reduzem o fluxo sanguíneo na placenta. Procure utilizar óleos vegetais de canola ou girassol nas preparações, azeite nos temperos, consumir, 2 a 3 porções de peixes/semana e reduza as gorduras animais, industrializadas e frituras.
  • FIBRAS: As dietas ricas em fibras ajudam a reduzir a pressão arterial, entre outros benefícios. Estudos mostram que gestantes com maior ingestão de fibras apresentaram menor risco de desenvolver SHG. Por isso, consuma frutas, verduras e legumes crus e cereais integrais o máximo possível!
  • CÁLCIO: A baixa ingestão de cálcio pode desencadear alterações hormonais que aumentam a pressão nos vasos sanguíneos, e o consumo adequado reduz o risco de complicações da SHG. Casos especiais podem requerer suplementação, porém procure garantir o consumo diário equivalente a 2 copos (200ml) de leite + 1 copo (180g) de iogurte + 1 fatia grossa de queijo branco.
  • SÓDIO: Restringir o sal durante a gestação com SHG não traz benefícios porque o edema se dá pela redução protéica sérica, e não pelo excesso de sódio. Em casos de gestantes com hipertensão prévia à gestação, recomenda-se dieta hipossódica. Nos demais casos, a dica é apenas para alimentação saudável, com menor consumo de alimentos embutidos, processados e industrializados, sem sal em excesso.
  • ANTIOXIDANTES: Na SHG ocorre redução dos agentes antioxidantes do organismo, favorecendo ainda mais a hipertensão, e existe forte relação entre o aumento no consumo de alimentos ricos em carotenóides/vitamina A, vitamina E e C e menor risco de SHG. Em algumas pesquisas, gestantes com baixos níveis destes antioxidantes tinham risco até 9,8 vezes maior de SHG. Procure incluir na dieta os vegetais verde-escuros, alimentos avermelhados e alaranjados, frutas cítricas, oleaginosas (castanhas e amêndoas) e óleos vegetais (azeite, linhaça, macadâmia, etc), além de ovos e carnes magras, leite e derivados.
Procure sempre o auxílio dos profissionais médico e nutricionista.
Autor: Rachel Helena Vieira Machado, nutricionista clínica Einstein

* Lembrando que:
 Gravidez pressupõe o crescimento de um ser geneticamente diferente dentro do útero da mulher, uma vez que herdou metade dos genes do pai. Ela não rejeita esse corpo estranho, porque desenvolve mecanismos imunológicos para proteger o feto. Em alguns casos, porém, ele libera proteínas na circulação materna, que provocam uma resposta imunológica da gestante, que agride as paredes dos vasos sanguíneos, causando vasoconstrição e aumento da pressão arterial.
A hipertensão arterial específica da gravidez recebe o nome de pré-eclâmpsia e, em geral, instala-se a partir da 20ª semana, especialmente no 3° trimestre.
A pré-eclâmpsia pode evoluir para a eclâmpsia, uma forma grave da doença, que põe em risco a vida da mãe e do feto.
As causas dessas enfermidades ainda não foram bem estabelecidas. O que se sabe é que estão associadas à hipertensão arterial, que pode ser crônica ou especifica da gravidez.
Sintomas
a) Sintomas da pré-eclâmpsia (que também pode ser assintomática): hipertensão arterial, edema (inchaço), principalmente nos membros inferiores, que pode surgir antes da elevação da pressão arterial, aumento exagerado do peso corpóreo e
proteinúria, isto é, perda de proteína pela urina.
b) Sintomas característicos da eclâmpsia: convulsão (às vezes precedida por dor de cabeça, de estômago e perturbações visuais), sangramento vaginal e coma.
Diagnóstico e fatores de risco
O diagnóstico é estabelecido com base nos níveis elevados da pressão arterial, na história clínica, nos sintomas da paciente e nos resultados de exames laboratoriais de sangue e de urina.
São fatores de risco:
1) hipertensão arterial sistêmica crônica;
2) primeira gestação;
3) diabetes;
4) lúpus;
5) obesidade;
6) histórico familiar ou pessoal das doenças supra-citadas;
7) gravidez depois dos 35 anos e antes dos 18 anos;
8) gestação gemelar.
Tratamento e prevenção
A única maneira de controlar a pré-eclâmpsia e evitar que evolua para eclâmpsia é o acompanhamento pré-natal criterioso e sistemático da gestação.
Pacientes com pré-eclâmpsia leve devem fazer repouso, medir com frequência a pressão arterial e adotar uma dieta com pouco sal.
Medicamentos anti-hipertensivos e anticonvulsivantes são indicados para o controle dos quadros mais graves, que podem exigir a antecipação do parto. A doença regride espontaneamente com a retirada da placenta.
Recomendações
* Vá ao ginecologista antes de engravidar para avaliação clínica e início da administração de ácido fólico;
* Compareça a todas as consultas previstas no pré-natal e siga rigorosamente as recomendações médicas durante a gestação;
* Lembre que a hipertensão é uma doença insidiosa, que pode ser assintomática. Qualquer descuido e a ausência de sintomas podem fazer com que uma forma leve de pré-eclâmpsia evolua com complicações;
* Faça exercícios físicos compatíveis com a fase da gestação e suas condições orgânicas no momento;
* Reduza a quantidade de sal nas refeições, não fume e suspenda a ingestão de álcool durante a gravidez.
 

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