O choque distributivo é uma variação do choque circulatório e acomete, em especial pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI's), sendo um dos principais fatores contribuintes para as altas taxas de mortalidade hospitalar, mesmo com os avanços na compreensão da fisiopatologia do choque e da terapêutica aplicada (MARSON et al., 1998).
Essa alteração fisiológica é caracterizada por inadequação entre a demanda tecidual e a oferta de oxigênio ocasionada por uma alteração na correta distribuição de nutrientes através do fluxo sanguíneo. Assim, temos tecidos com fluxo sanguíneo elevado em relação à necessidade e outros com fluxo sanguíneo suficiente em termos numéricos, mas deficiente para atender às necessidades metabólicas do organismo (SIQUEIRA, SCHMIDT, 2003).
Uma das causas desencadeadoras pode advir de fatores neurológicos, como trauma raquimedular, uso de drogas vasodilatadoras, anafilaxia e doenças endócrinas. A vasodilatação ocasiona diminuição da resistência vascular periférica (RVP), que por sua vez ocasiona uma diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco. Como mecanismo de compensação para esse estado hemodinâmico, ocorre aumento da contratilidade e da frequência cardíaca (MARSON et al., 1998).
Segundo Neto (2011) a fisiologia cardíaca normal é composta por três fatores principais:
Pré-carga
Volume ventricular no final da diástole. A elevação da pré-carga leva ao aumento do volume de ejeção. A pré-carga depende principalmente do retorno do sangue venoso corporal. Por sua vez, o retorno venoso é influenciado por alterações da postura, pressão intratorácica, volume sanguíneo e do equilíbrio entre a constrição e dilatação (tônus) no sistema venoso.
Pós-carga
Resistência à ejeção (propulsão) ventricular ocasionada pela resistência ao fluxo sanguíneo na saída do ventrículo. Ela é determinada principalmente pela resistência vascular sistêmica.
Contratilidade
Representa a capacidade de contração do miocárdio na ausência de quaisquer alterações na pré-carga ou pós-carga. Em outras palavras, é a “potência” do músculo cardíaco.
Em casos de choque distributivo, há alteração de um ou mais fatores. Veja abaixo uma estrutura que faz menção ao sistema cardiovascular:
Figura 1 – Sistema cardiovascular
Fonte: NETO, 2011.
O equilíbrio entre os três mecanismos fisiológicos do coração proporcionam ao organismo a regulação da circulação sistêmica, mantendo em níveis adequados o suprimento sanguíneo para órgãos e tecidos do corpo.
As veias promovem o retorno do sangue, a partir dos leitos capilares, até o coração e contém cerca de 70% do volume sanguíneo circulante, contrastando com os 15% representados pelo sistema arterial (NETO, 2011). Portanto, a diminuição da resistência vascular sistêmica (RVS) influenciará negativamente na resistência vascular periférica (RVP) fazendo com que as veias sofram vasodilatação exacerbada reduzindo assim, o retorno venoso e consequentemente alterando significativamente o débito cardíaco (DC).
O diagnóstico do tipo de choque circulatório pode ser baseado na determinação de variáveis hemodinâmicas através da monitorização hemodinâmica invasiva, com o uso do cateter de Swan-Ganz (SIQUEIRA, SCHMIDT, 2003).
Fonte: Adaptado de Siqueira BG & Schmidt, 2003.
O papel do enfermeiro na promoção constante de educação continuada à equipe de enfermagem é essencial para se trabalhar adequadamente com a manutenção e o controle hemodinâmico do paciente, proporcionando ao profissional maior segurança na identificação de alterações que o paciente pode apresentar à beira do leito hospitalar.
Profissional, este distúrbio hemodinâmico pode ser muito perigoso e colocar à vida do paciente em risco. O diagnóstico precoce é determinante na sobrevida do enfermo e na redução das taxas de mortalidades em UTI's. Trabalhemos em conjunto para minimizar esses riscos!
Texto escrito pelo Monitor do Programa Proficiência Júlio Eduvirgem
REFERÊNCIAS
MARSON F. et al. A Síndrome do Choque Circulatório. Simpósio: Medicina Intensiva: I Infecção e Choque. p. 369-379, jul.- set.. Ribeirão Preto, 1998. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/1998/vol31n3/a_sindrome_choque_circulatorio.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2012
NETO, Á R. Fisiologia Cardiovascular. LIGAMI. p. 38. Disponível em: <http://www.cepeti.com.br/bibliografia_LIGAMI2011.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2012
SIQUEIRA, B. G., SCHMIDT. Choque Circulatório: definição, classificação, diagnóstico e tratamento. Simpósio: Urgências e Emergências Cardiológicas. p. 145-150, abr.- dez.. Ribeirão Preto, 2003 Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2003/36n2e4/1_choque_circulatorio.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2012.
Ler 0 Comentários... >>
Atuação da enfermagem frente ao procedimento de cateterismo umbilicalSex, 30 de Novembro de 2012 19:08Olá caro colega. Nesse blog vamos discutir sobre o cateterismo umbilical em recém-natos, procedimento que é realizado para obtenção de acesso central venoso ou arterial, através do coto umbilical.
Em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, o cateterismo umbilical é um procedimento comum e essencial no cuidado ao recém-nascido pré-termo, principalmente naqueles que necessitam de infusão contínua e possuem dificuldade para punção de acesso vascular. Além disso, contribui para a estabilização e manutenção de nutrição adequada (COREN, 2011).
Trata-se de um procedimento invasivo que possui diversas finalidades, tais como: infusão de líquidos, monitorização de pressão arterial invasiva, gasometria arterial, intervenção cardíaca, infusão de drogas e trocas sanguíneas (COREN, 2011; BRASIL, 2011). É importante lembrar que o cateterismo umbilical constitui uma escolha em casos emergenciais, não devendo ser escolhido para acesso de rotina, por decorrência das complicações da utilização dessa via.
Você sabia que no ano de 2011 foi legalizada a realização de cateterismo umbilical como prática privativa do Enfermeiro? Para conhecer mais sobre essa legislação você pode ler a Resolução COFEN n. 388/2011 e também o Parecer COFEN. n. 9/2011. Essas afirmam que a ação de alta complexidade deve ser realizada pelo Enfermeiro, o qual deve estar capacitado para desenvolver tal técnica (COFEN, 2011).
É importante ressaltar que em decorrência da sensibilidade da pele antes do procedimento em prematuros extremos, a antissepsia deve ser feita com solução aquosa de Clorexidina, ou a aplicação de água destilada após o uso da Clorexina alcóolica. Pois, isso reduz os riscos de queimaduras químicas (BRASIL, 2011).
Segundo a Anvisa - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (2010), após realizada a sutura do cateter no coto umbilical, a fixação deve ser realizada por meio da técnica da "ponte", de acordo com a figura abaixo:
Figura 1 – Fixação do cateterismo umbilical.
Fonte: ANVISA, 2010.
Conforme vimos anteriormente, esse procedimento deve ser realizado criteriosamente, em caso de extrema necessidade.
Os cateteres umbilicais arteriais devem ser mantidos por no máximo cinco dias e os venosos podem permanecer por até quatorze dias (BRASIL, 2010).
Isto se dá pelo risco de complicações possíveis do procedimento, as quais podem estar relacionadas ao posicionamento do cateter, como alteração na perfusão dos membros inferiores, acidentes vasculares decorrentes de tromboembolismo, vasoespasmo, hipertensão arterial, decorrentes de acidentes com o cateter, como a quebra ou desconexão acidental, e complicações relacionados às infecções (COREN, 2011; BRASIL, 2010).
Você percebeu como o cateterismo umbilical deve ter atenção especial da equipe de enfermagem? Sendo assim, verifique as ações da equipe de enfermagem que são relevantes para manutenção e cuidado a esse procedimento:
• Verificar rigorosamente a perfusão, pulso e temperatura de membros inferiores;
• Manter o cateter e a torneirinha livre de sangue evitando a formação de coágulos e proliferação de microrganismos. Caso haja um coágulo o mesmo deve ser retirado por aspiração e nunca injetando o líquido;
• Registrar todas as infusões ou retirada de líquido do cateter;
• Realizar o manuseio das conexões com técnicas assépticas, promovendo a desinfecção com gaze e álcool etílico, sempre utilizando luvas;
• Não infundir hemocomponentes e drogas vasoativas no cateter arterial (UNIFESP, 2011).
Dessa forma, caro colega, destacamos o quão importante é sua atuação de forma consciente e cuidadosa frente a esse procedimento que é tão delicado. Você já cuidou de um recém-nascido com cateterismo umbilical? Conhece alguma situação ou complicação desse procedimento? Compartilhe conosco suas experiências e opiniões.
Texto escrito pelos monitores do Programa Proficiência: Diego Nardoto, Elisa de Fátima Borella e Vanessa Evelyn de Mello.
Referências
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Pareceres COFEN: n. 9/2011/COFEN/CTNL. Possibilidade do enfermeiro realizar cateterismo umbilical em recém-nascido. Brasília, 2011. Disponível em: <http://coren-df.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1215:no-0092011cofenctnl-possibilidade-do-enfermeiro-realizar-cateterismo-umbilical-em-recem-nascido&catid=80:pareceres-cofen&Itemid=73>. Acesso em: 22 nov. 2012.
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Nº 388/2011. Normatiza a execução, pelo enfermeiro, do acesso venoso, via cateterismo umbilical. Brasília, 2011. Disponível em: <http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-n-3882011_8021.html>. Acesso em 22 nov. 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde.. Brasília, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_recem_nascido_%20guia_profissionais_saude_v2.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2012.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA. Orientações para Prevenção de Infecção Primária de Corrente Sanguínea. 2010. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ef02c3004a04c83ca0fda9aa19e2217c/manual+Final+preven%C3%A7%C3%A3o+de+infec%C3%A7%C3%A3o+da+corrente.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 22 nov. 2012.
UNIFESP. Universidade Federal de São Paulo. Intervenções de enfermagem no procedimento de cateterismo umbilical. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.unifesp.br/hsp/testealfa/arquivos/hsp/assist/espec/pediatria/intervencoes%20de%20enf%20proc%20de%20cat%20umb.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário