Por Fernanda Sanchez
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Os
acidentes na infância e adolescência constituem um dos principais problemas de
saúde pública no Brasil, em especial nas crianças maiores de cinco anos de
idade.
O acidente doméstico tem se revelado como
uma das principais causas dos atendimentos, internações, incapacidades e óbitos
em crianças, nos vários países e tem contribuído, de forma considerável, para
manter elevada a taxa de morbi-mortalidade infantil (CORDERO ABAD et. al.,
1989; SCHVARTSMAN, 1987; SANTOS, 1988; JONES, 1993).
A
partir de cinco anos de idade, os acidentes constituem a principal causa de
mortalidade na criança. Esses acidentes estão diretamente relacionados as
faixas etárias e fases de desenvolvimento. O ambiente doméstico é o principal
local onde são gerados esses agravos, enquanto que na adolescência, o espaço
extra-domiciliar tem um papel fundamental. Tais acidentes são passíveis de
prevenção por intermédio da orientação familiar, de alterações físicas do
espaço domiciliar e da elaboração e ou cumprimento de leis específicas.
Além
disso, esses acidentes causam um sofrimento muito grande as famílias e um custo
econômico muito alto ao sistema de saúde, principalmente nos casos em que
deixam seqüelas e invalidez na criança. Em 2005, no Brasil, do total de óbitos
entre a população etária entre menor de um ano a 19 anos, 21.040 mortes foram
causadas por acidentes e violência. Dessas, 1762 (8,4%) ocorreram na região
Norte, 5437 (25,8%) na Região Nordeste, 8783 (41,7%) na região Sudeste, 3229
(15,3%) na região Sul e 1984 (9,4%) na região Centro-Oeste.
A
partir de cinco anos de idade, ocorre uma modificação no perfil epidemiológico
da morbimortalidade infantil quando os acidentes constituem a principal causa
de mortalidade na criança, ao invés das doenças perinatais, infecciosas e
parasitárias.
Devido
à importância desse problema, o Ministério de Saúde adotou em 2001 a “Política Nacional de
Redução de Mortalidade por Acidentes e Violência” baseada nas seguintes
diretrizes: promoção da adoção de comportamentos e de ambientes seguros e
saudáveis, monitorização da ocorrência de acidentes e de violências, sistematização,
ampliação e consolidação do atendimento pré-hospitalar, assistência
interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e de violências, estruturação
e consolidação do atendimento voltado à recuperação e à reabilitação,
capacitação de recursos humanos e apoio ao desenvolvimento de 8 estudos e
pesquisas.
Quedas, queimaduras
e intoxicações acidentais também são os maiores responsáveis pelas internações
entre jovens entre 10 e 14 anos, com 38% dos atendimentos.
Entre as principais
causas externas de morte infantil os afogamentos ocupam o primeiro
lugar, com 27,6% dos casos, seguidos por atropelamentos (25,7%), outros
acidentes de transportes (18,5%) e sufocamentos acidentais (16,8%).
Quando o assunto são as internações, os pais devem tomar cuidado com as quedas, responsáveis por 74,6% das ocorrências. Em segundo lugar na lista de preocupações estão os atropelamentos, com 8,4% dos casos, seguidos pelas queimaduras, que levaram 5,7% das crianças e adolescentes ao hospital.
Quando o assunto são as internações, os pais devem tomar cuidado com as quedas, responsáveis por 74,6% das ocorrências. Em segundo lugar na lista de preocupações estão os atropelamentos, com 8,4% dos casos, seguidos pelas queimaduras, que levaram 5,7% das crianças e adolescentes ao hospital.
As crianças freqüentemente
estão expostas às situações de risco, seja pela inadequação do ambiente ou por
desinformação e negligência dos pais ou responsáveis. Desta forma no
atendimento da criança e baseado na escala de desenvolvimento deve-se antecipar
precocemente com os pais ou responsáveis algumas etapas deste processo fazendo
a correlação direta com as possíveis situações de risco, inerentes a cada faixa
etária, visando criar um ambiente seguro no qual a criança possa explorar e
desenvolver suas habilidades, sem que isto a coloque em situação de perigo.
Não podemos deixar
de enfatizar que o cuidado de saúde no sentido amplo visa a uma harmonia do ser
humano com o seu micro e macroambiente, proporcionando relações de bem-estar e
crescimento saudável. Os fatores de risco presentes no ambiente doméstico podem
comprometer o desenvolvimento da criança, contribuindo para desencadear
diversos tipos de acidentes que, em determinados casos, podem originar graves lesões
e seqüelas irreversíveis (SOUZA,
1997).
Acredita-se que a
prevenção vai além da ótica epidemiológica, pois nesta pode deixar de se
considerar comportamentos, subjetividades e necessidades individuais, familiares
e sociais. Neste contexto há de se levar em conta a diversidade dos modos de
vida, a variabilidade dos fatores envolvidos e a importância dada à saúde pelos
atores. Compartilhar saberes com famílias e profissionais da saúde permite ir
além da identificação das responsabilidades pelo acidente, busca-se incorporar
formas educativas em saúde, sensatas e participativas e não coercivas ou
punitivas. Desta forma, o pensar e o fazer prevenção de acidentes domésticos
com foco centrado na família é uma prática educativa, e ao mesmo tempo, uma
prática de cuidado transformadora em saúde.
Prevenir esses acidentes torna-se um
desafio para os órgãos e profissionais que estão envolvidos no acompanhamento
do crescer e desenvolver das crianças, existindo a necessidade urgente de
orientação educacional para a população e comunidade específicas como as
escolas, grupos formais e informais na faixa infanto-juvenil, visando a
despertar mudanças comportamentais, que possam contribuir para uma redução dos
acidentes.
Quadro 1. Tipos de
acidentes, conforme fases de desenvolvimento
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria.
Segurança da Criança e do Adolescente. Belo Horizonte - MG, 2003, modificado
Quadro
2. Medidas de prevenção,
conforme tipos de acidentes
Referências:
HOCKENBERRY, M.J. Wong fundamentos de enfermagem pediátrica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. p.11-87
CIAMPO, Luiz Antonio Del. Prevalência de
Acidentes na Infância e Adolescência. Rev.
Paul Pediatria, Vol 21, n. 04, dezembro 2003.
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v8n1/12438.pdf
(Acesso em 15/02/2009);
http://portal.saude.sp.gov.br/cont.mmp
(Acesso em 15/02/2009);
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/57cbe/resumos/1870.htm
(Acesso em
16/02/2009);
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